sexta-feira, 26 de junho de 2009

Morte ao vivo

Logo depois de postar a nota abaixo saí para buscar veneno no armazém da esquina. No caminho, triste Bahia, quão dessemelhante, passei por dois meninos e tive a graça de escutar a conversa. O maior, uns sete, oito anos, perguntou pro menor:
- Você sabe por que o Maiqueujéquius morreu?
- Não.
- Porque ele trocou de pele.
Comprei o cigarro e voltei pra casa matutando. Desde ontem à noite vejo os noticiários titubearem sobre a morte do grande astro. O Jornal Nacional, por exemplo, demorou cinco minutos para dizer que o cara estava morto, algo mais ou menos parecido com a absurda cobertura ao vivo do acidente da TAM, em Congonhas, quando o repórter EVITOU dizer que tinha 200 pessoas a bordo do avião em chamas que a televisão estava mostrando. Mas bastou sair à rua para ouvir uma opinião crítica sincera e original. E logo de um guri vagabundeando na manhã ainda outonal da periferia baiana. Um sacana que nem tem diploma de jornalista...

Um comentário:

Pascoal Gomes disse...

Mancheteei essa para um amigo que ainda resiste em redação: "Nasceu preto, morreu branco". Coisa de quem está só na arquibancada. Na verdade, com a morte da pantera, deu para perceber que uma época está morrendo também aos poucos (ou pelo menos os símbolos daqueles tempos): os anos 80.