terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Boletim do céu

Acordei esta terça-feira véspera natalina como se estivesse a 36 mil pés de altura, a 800 quilômetros por hora, ventinho de 50 graus negativo pela proa, sentado na asa de um jato intercontinental.
A primeira coisa que li foi o presidente Lula dizendo que ninguém ama mais e respeita a liberdade de Imprensa do que ele, mas que são necessários alguns ajustes nos excessos da mídia. Em seguida, já vestindo minha cotidiana fantasia de jornalista proscrito, abri os e-mails e vi dois grandes companheiros de mui antigas batalhas profissionais pela vida afora se debatendo contra a lógica de suas próprias histórias de resistência e luta e os princípios fundamentais de suas profissões ou mesmo os mais primários conceitos de ética e educação cívica de pessoas livres e independentes. Parece que estamos vivendo o esplendor da formação dos pilares da maior e melhor ditadura democrática que este país ou o mundo ou o universo já viu.
O jato desvia das nuvens e segue em frente. Ninguém aqui sabe para onde vamos. Nem os pilotos nem os passageiros no conforto da cabine nem este veterano redator na boléia. Não há, portanto, motivo para se acreditar em deuses. Nem muito menos em um deus idiota, oportunista e aprendiz de ditador.

Um comentário:

Anônimo disse...

O que mais me impressiona, meu caro, não são as constantes tentativas de restringir a liberdade nesse país, mas o silêncio que impera nas redações, nos círculos de discussão e na consciência dos brasileiros.
Abs
Kiko Ribeiro