terça-feira, 19 de maio de 2009

Do mirante

O céu da Bahia ainda não foi visto neste maio.
Há uma cortina de nuvens sobre Salvador, como um cachecol a cobrir o colo da cidade. O cenário natural da casa, a moldura, da janela, da varanda e do quintal é o verde do mato e o azul do céu. Ton sur ton, todos os tons. A beleza é paisagem. O resto são palavras.
Agora o dia é minha cara. E tudo o que tenho é nada a dizer.
Aprendi escrevendo que não há palavras para descrever paisagens. Diz Saramago que só para o verde há 29 matizes. El português talvez tenha esquecido os escombros da Mata Atlântica e nunca tenha visto a floresta amazônica cara a cara. Vinte e nove matizes há no dorso de um sanhaço sob o sol. E na copa das mangueiras ao vento, quantos olhos são necessários para perceber a pantomina do verde?
Sorte a minha que não há palavras...

Nenhum comentário: