sábado, 20 de fevereiro de 2010

A favorita do Divino

Uns batedores afobados, emocionados, batiam porta em porta para avisar, lá vem a bandeira do Divino. Toda a gente corria à calçada. Alguns para ver a cena por dentro, outros, como minha avó, para fechar a veneziana da janela da frente. Ninguém no 1403 da rua Marcílio Dias, no bairro da Azenha, no porto mais alegre do País, no tempo que o Brasil era recém campeão do mundo, ninguém ali aceitava beijar a pomba da paz que os fanáticos esfregavam no rosto da multidão enquanto senhoras chorosas cutucavam as pessoas com uma sacola de boca aberta, à espera de cruzeiros.
Lembrei da bandeira do divino quando vi agora de manhã a escandalosa oferta da imagem de Dilma exposta em jornais, portais e blogs país afora. Acho que a qualquer momento vai chegar uma mala direta ali no portão, com panfleto explicativo, adesivo da estrela vermelha, boné, camiseta, cartão do bolsa-família e alguma ameaça do tipo dá ou desce.
Mudam os fanáticos e o fanatismo, tudo muda, parece que só a sacanagem continua a mesma.

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