terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sem lenço...

Dois de fevereiro, dia de festa no mar.
E de vexame no ar.
O Jornal da Manhã, da Globo local, tem um repórter de plantão na casa do presente, praia da Paciência, Rio Vermelho. Arde o sol no céu da Bahia, mas a luz não nasceu para todos. O rapaz reporta mais ou menos assim: “Há uma pequena confusão por aqui, O presente de Iemanjá está atrasado. O presente este ano foi montado em Arembepe e quando vinha sendo transportado pela estrada foi barrado no posto rodoviário. O caminhão não tinha documentos”... E continuou a falar sem se dar conta que a matéria era justamente aquela e não esta. Os âncoras do estúdio são espécie de animadores de bloco e nem tem obrigação, pelo menos é o que parece, de dar um encaminhamento jornalístico mínimo aos fatos do cotidiano, então ficamos, eu e os outros telespectadores matinais, sem saber o que houve afinal com o presente oficial de Iemanjá no dia dois de fevereiro. Pela gota mínima de informação reportada no telejornal, um guarda rodoviário impediu o cortejo de Iemanjá de chegar ao mar. O motivo seria a falta de documentação do caminhão que transportava o barco dos presentes ofertados à deusa do candomblé.
Infelizmente, talvez jamais saibamos o que houve de fato. Não vimos o caminhão nem a cara do guarda mau. Mas das duas, uma, como diz o povo. Ou estava todo mundo bêbado, o motorista do caminhão inclusive, e o caminhão caindo aos pedaços, o que é bastante provável, ou o tal guarda rodoviário é um evangélico destemido e considerou aquilo tudo uma afronta a Jesus ou a Jeová e decretou um teje preso radical.
O eterno enfrentamento das entidades espirituais parece ter produzido uma inusitada escaramuça suburbana que escapou aos olhos festivos e distraídos da Imprensa baiana.

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