sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ordem do dia

Já que a míida não tem lavado as orelhas e o grande público não entende a linguagem política, o presidente Lula resolveu ser um pouco mais claro na questão do derruba-não-derruba Sarney.
Em outras palavras, com sua tradicional sutileza elefantina, Lula disse claramente "eu não votei nele", o que quer dizer em politiquês castiço, com todas as letras, "não tenho nada com isso, tirem ele daí".

Olha ele aí

O cabo Anselmo, um dos personagens mais emblemáticos e folclóricos da ditadura militar no Brasil, reapareceu publicamente ontem, segundo a Folha de S. Paulo de hoje. Ele quer os documentos de volta e, claro, uma bela indenização d governo brasileiro, nos mesmos moldes desta anistia que enriquece espertalhões pelo país afora.
Eu, que vivo no mundo da lua e me preparando pra trocar de estação, pensava que o velho cabo marinheiro dedo-duro que assombrava o sono dos militantes de esquerda nos anos 70 estava muito bem identificado e havia sido eleito para a Presidência da República.
Acho que confundi os meliantes, sou muito distraído.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ali Babá, o mágico

Acho que o senador José Sarney deve renunciar presidência do Senado nas próximas horas. Não, não tenho nenhuma informação privilegiada, apenas intuição de veterano cozinheiro de redação.
O raciocínio é simples.
Primeiro, em política, nada é o que parece. Segundo, a referência política dos governistas é exclusivamente o presidente Lula. Até ontem, o presidente Lula falava que apoiava Sarney e que este não podia deixar o cargo, para não ameaçar algo que se conveniou chamar de governabilidade. Hoje, Lula ainda apóia Sarney, mas diz claramente que chegou a hora da crise acabar e já se declara preocupado com a possibilidade de Sarney renunciar.
Alguém ainda tem alguma dúvida de que Sarney vai dançar hoje ou amanhã?
O bigodudo presidente dos brasileiros e brasileiras não vai querer entrar para a história como um dos políticos que mais lesaram a Pátria e seus patrícios na vida republicana nacional, mas vai, isto sim, tentar preservar alguns cacos da imagem superfaturada de homem sério, intelectualizado, que sempre lutou pela democracia.
Quem vai ganhar com isso? Lula, claro. Só Lula ganha coisas e dividendos políticos neste País. Nós estamos aqui só para conversar. E para pagar a conta. Ainda bem que desta vez nos veremos livres de mais um ladrão.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A guerrilheira manequim


O jornalista Reinaldo Azevedo, da Veja, está se especializando em arrastar pelos cabelos algumas personalidades celebridades nacionais. Melhor para nós, leitores, que ficamos sabendo de detalhes explosivos como a bolsa da foto. É uma bolsa da grife Hermès, criada para homenagear a princesa de Mônaco, e custa cerca de 15 mil reais. Tudo bem, esta quinquilharia de couro é objeto de desejo da burguesia internacional, fazer o quê? Só não se entende o que uma “jóia” deste quilate está fazendo pendurada no braço esquerdo revolucionário da ministra Dilma Roussef. Alguma coisa aí é falsa. E o que será?

sábado, 25 de julho de 2009

Errata

O companheirinho Pascoal Gomes me mandou um e-mail semi-indignado com o post abaixo. Por absoluta ignorância tech, grafei o aparelho miraculoso que ele carrega aos quatro ventos como Ipod e não Iphone. Agora sei a diferença entre uma coisa e outra. O primeiro toca música, o segundo fotografa e ainda carrega o primeiro no bolso. Coisas das coisas.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Até a pé nós iremos


Tirei o pé deste blog esta semana que passou porque estou me preparando para uma temporada profissional no país que nunca existiu, o Rio Grande. Vou de encontro ao frio e de novas conquistas, do carinho de filhos adultos e de um neto que cresce mais que esperança de chuva em dia nublado. Só espero que a memória me poupe de reencontrar fantasmas de um passado bucanero pelas alamedas floridas da Redenção ou no rio de gente na Rua da Praia ou mesmo nos degraus da arquibancada do Estádio Olímpico Monumental da Azenha. O passado, como a palavra está dizendo, passou. O futuro, como a palavra não diz, é o que virá, o destino, a sorte, o fado, e é só o que interessa.
O Rio Grande deve vir gelado, claro, mas eu vou fervendo.
Deixo o estádio monumental da Colina, aqui mesmo no quintal de casa, onde há cerca de 20 anos um bando de loucos se reúne aos sábados para jogar futebol e se esculhambar uns aos outros por trivialidades como política, esporte e cultura. Na foto ao lado ou acima, nunca se sabe como será a diagramação da coluna, um flagrante de Pascoal Gomes, com um bravo Ipod, do esplendor verde da Colina, ao fundo dois veteranos possessos disputam o balão de couro. São todos jornalistas de ofício e vocação, com diploma e sem jornal. A outra foto é do mesmo Ipod, numa tentativa expressionista, e mostra parte do visual da varanda superior da Colina, de novo o verde dominante e uma mão delgada, da dona da casa, com um cigarrinho aceso, tudo a ver no conjunto de incorreções políticas de um ninho de doidos.
O grande poeta e filósofo contemporâneo Caetano Veloso já disse em uma canção quase desconhecida do grande público, e da qual sou súdito entusiasta, que a verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul.
Então, que não haja ilhas para naufragar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Senhor da Falcatrua

O senador José Sarney não se emenda, aliás, o caso dele não é de emenda, mas sim de caixão e vela. Impressionante o elenco de maldades, pequenos furtos e usufruto absoluto de cargos públicos em benefício pessoal.
A Folha de hoje traz uma matéria inacreditável.
Sarney tinha um síito à beira do lago em Brasília e resolveu vender um pedacinho. Vendeu. Vendeu o pedacinho equivalente a 150 campos de futebol em área nobre na Capital Federal. Com o negócio, ele ficou sócio da empresa que agora quer construir um condomínio de luxo no local. O problema é que o terreno não tem escritura, então a empresa está processando o antigo dono, como se sabe, o próprio senador José Sarney, para legalizar o terreno via usucapião.
Não sei direito, não entendo o mundos negócios, mas pra mim, pra minha mãe, pros meus filhos e pro resto da humanidade, isto é fraude.
Ou roubo puro, em linguagem popular.

O líder








Tira de Laerte, na Ilustrada de hoje. Sigam-me...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A hora da loba


Foto que acaba de entrar na capa da UOL. É de Roberto Vinícius, Agência Estado. A mulher que parece uma louca atrás das grades é a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, discutindo com manifestantes.
Se alguém clicar na foto, no site da UOL, vai ver que se trata de um detalhe do quadro total. A foto completa mostra que Yeda está com os filhos no portão de sua casa. A foto inteira não está disponível para cópia, só o detalhe.
O que o editor fez, ao isolar um detalhe para ganhar dramaticidade e apelo visual jornalístico, podemos entender assim, é mais ou menos o que fazem os adversários políticos da governadora ao insistir em particularizar episódios isolados do contexto de fatos concretos ou, para ser mais específico, apostam na repetição de pequenas denúncias para criar clima de caos político administrativo no governo.
Acho que esta voracidade dos adversários vai transformar a governadora em mártir política. Aí não haverá truque de mídia nem aliança partidária oportunista que evite a reeleição da brava combatente gaúcha. Não há gaudério no pampa que fique contra uma mulher se defendendo aos gritos, abraçada aos filhos.

Nem Bob de Niro

Um rápido adendo ao post abaixo:

-Al Pacino não faria melhor.

Meu santo...


Ricardo Stuckert, fotógrafo da Presidência da República, está expondo no Rio de Janeiro dezenas de fotos de eventos oficiais e cenas públicas dos seis anos e meio de Lula presidente.
São retratos de luz perfeita, enquadramentos exatos e forte tendência promocional, ou o que se convencionou entender como marketing político.
Há uma galeria à disposição no site do jornal O Globo, de onde copiei a foto acima, as outras são fechadas.
http://oglobo.globo.com/cultura/rioshow/mat/2009/07/15/exposicao-milhoes-de-lulas-reune-fotos-de-ricardo-stuckert-fotografo-oficial-do-presidente-756824677.asp
Esta foto foi clicada na pré-campanha de 2006, na Itinga, bairro pra lá de popular encravado entre Lauro de Freitas e Salvador, vizinho parede e meia, como se diz, aqui do meu quintal. Inspirações políticas emocionais à parte é, sem qualquer dúvida, o sonho de todo marqueteiro

quarta-feira, 15 de julho de 2009

In the sky




Autor testa apito celestial


Por mais dramático que possa parecer aos olhares condescendentes da sociedade civil organizada, não há mais como disfarçar uma nova, ampla e irrestrita ofensiva de seitas religiosas na cara da gente.
Aqui em Salvador, está no ar um comercial da “candeia divina que ilumina”, e num templo evangélico próximo do Aeroporto Dois de Julho pode-se ver um enorme cartaz promovendo “reunião com Deus, domingo, às 14 horas”.
O movimento nacional de defesa de direitos humanos devia incluir a sanidade mental da população na sua vasta agenda de prioridades nesta terra recém elevada a categoria de país livre, próspero e soberano, segundo a propaganda oficial, e rebaixada, a cada ano, nos índices de desenvolvimento humano medidos pela ONU.
Enquanto espero uma orientação politicamente correta de como me posicionar diante da avalanche espiritual que cobre a pátria, acho que vou botar para alugar meu velho e bom apito de chamar anjo.

Tereziiinhaaaa

Uma frase à procura de um conto:

Um dia antes de se ver livre da cela em que sobreviveu por cerca de vinte anos no Instituto Judiciário do Estado o veterano prisioneiro Ainda Pretendo dos Santos escreveu na parede o que ele achava que faltava naquele ambiente de intensos e incontroláveis sofrimentos, escreveu com a técnica que aprendeu na prisão, ou seja, usou os dedos como pincel e merda como tinta, e desenhou a palavra Amor.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ah, há a literatura

Como se fosse normal utilizar-se de recursos desconhecidos de técnica de criação literária para suplantar a mesmice cotidiana opressiva do noticiário político nacional e cravar mais um post no meio do nada, nada a ver com narrativa paralela ou digressões, podemos até nos valer de um dos temas clássicos à disposição em prateleiras da imaginação, na verdade uma legítima aspiração de conhecimento da pobre humanidade de passado obnubilado e de futuro incerto sobre si mesmo, a de saber se de alguma maneira há vida depois da morte, para afinal compor esta arapuca de frases em busca de um sentido.
Então, vamos tentar ir para o quinto dos infernos.
O procedimento é quase o mesmo que se teve sempre pela vida afora em busca de abstrações como felicidade e justiça, a caminhar por um túnel escuro, a chama de um candeeiro procurando uma janela de luz, a saída, a vista lambendo a escuridão, a platéia, em tudo há uma platéia, debocha em coro, aí, heim, pessoal, lambendo a escuridão, melhor não se preocupar com a platéia, nunca se parou de caminhar em busca de um destino, então seguimos nós, lá adiante deve estar o quinto dos infernos, ouve-se já o ladrar dos cães, mas não, não, o túnel de repente acaba, estamos sob as nuvens, um grande portão, o firmamento é o céu, o mundo sumiu, ouvem-se os tais finos clarins dourados celestiais, abre-se o portão onde os cães ladram conforme a presunção dos poetas e vê-se o paraíso do outro lado do universo, não pode ser aqui o quinto dos infernos, ou aquela mulher que escreveu a Bíblia era mesmo a primeira grande comediante da história.
Caminho errado. Um anjo, apiedado como ele só, chega-se a nós para avisar, em gestos suaves e palavras doces, que o quinto dos infernos fica lá embaixo, de onde nós viemos, basta dar meia volta e descer o túnel escuro, não precisa nem de candeeiro, pronto, voilá, estamos de volta ao mundo, ao noticiário do meio dia, a esta cadeira desconfortável, a este teclado sem contestador, a este truque de exatas 350 palavras.

sábado, 11 de julho de 2009

Não estamos sós

Meu amiguinho Pascoal Gomes, jornalista, publicitário e marqueteiro, também zagueiro viril e árbitro rigoroso nos embates de sábado no campinho aqui de casa, devolveu-me o humor nesta súbita ensolarada manhã ao me enviar por e-mail a materinha de Diogo Mainardi na Veja desta semana.
Meses atrás escrevi neste blog solitário que devia ser proibido chamar Chico Buarque de romancista. Escritor pode, pois a categoria é muito ampla e inclui até bilhete e versinhos para namorada. Mas prefiro continuar chamando-o de cantor e compositor, um dos mais importantes da música popular brasileira.
Esta é a abertura do artigo de Mainardi:
"Edna O’Brien foi arrastada a um encontro entre Chico Buarque e Milton Hatoum. O que ela afirmou, assim que conseguiu escapar do encontro? Que Chico Buarque era uma fraude. O que ela afirmou em seguida, durante o jantar? Que se espantou com a empáfia e com o desconhecimento literário dos dois autores".
E esta é uma das considerações finais:
Chico está para a literatura assim como Dilma Rousseff está para as teses de mestrado.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Quem viver verá

Gostaria de registrar uma previsão política eleitoral para o próximo ano.
O presidente Lula será eleito Prêmio Nobel da Paz.
O caminho foi insinuado ontem por nada mais nada menos que o presidente dos Estados Unidos da América, o santo Barak Obama. A muitíssimo provável negociação para a limitação do uso de energia nuclear pelo Irã vai credenciar Lula à láurea internacional mais cobiçada do mundo político.
Será o primeiro brasileiro a ganhar um Prêmio Nobel.
Imaginem o efeito que isso vai causar no meio da campanha eleitoral. Nitroglicerina pura. Lula vai eleger até cabo de vassoura. Ou peruca de comunista convertida.

Vida que segue

Entonces, resumindo.
O senador José Sarney não tem nada a ver com a Fundação José Sarney, apenas empresta o nome, defende os interesses na Justiça, distribui cargos, sonega impostos e embolsa o dinheiro. Nada mais.
O presidente Lula não tem nada a ver com o gabinete civil da Presidência da República, apenas manda prender e soltar, semear e colher, empregar e demitir, estuprar e noivar, explorar e libertar, vender e comprar, acariciar e ferir de morte. Nada mais.
A ministra Dilma Roussef não tem nada a ver com fatos e registros históricos, apenas foi usada para divulgação de uma suposta ficha criminal de guerrilheira atuante, beneficiada pela inclusão de títulos fajutos de mestrado e doutorado em seu currículo profissional e controla o dinheiro de obras do PAC para aproveitamento eleitoral como se fosse seu, exclusivamente seu. Nada mais.
E eu nada tenho a ver com trabalho, dedicação, talento, coerência e lealdade, apenas estou fora do mercado, reclamando do mundo mau, tal qual um cabrito chorão, e escrevendo notinhas diárias como um profissional inútil.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O país do Cara




Acordei atrasado para esta quinta-feira com data de centroavante, cheio de idéias políticas e más intenções literárias, mas bastou abrir o computador e passar a vista nos portais e nas três principais capas de jornais (Folha, Estado e Globo) para a disposição e o bom humor se arrastarem ao rés do chão.
Até quando veremos denúncias diárias de desvios de verbas públicas e desmandos políticos do senador José Sarney? O atual presidente do Senado Federal já foi elevado ao posto de maior meliante da cena política nacional, mas seus pares, contra e a favor, não sabem o que fazer com ele. Como não se trata de um cidadão comum, conforme assinalou o presidente da República, sugiro prisão domiciliar e prestação de serviços comunitários, como pentear macacos no Amapá, por exemplo, ou contar histórias para boi dormir nas pastagens do pantanal ou no salão de festas da Academia Brasileira de Letras.
No Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, um policial sacou a arma no meio da rua e promoveu um tiroteio alucinado para deter dois assaltantes de bancos. Quatro pessoas que estavam na calçada, e nada tinham a ver com cena, foram baleadas, e uma menina de 13 anos morreu. A polícia brasileira, sem qualquer dúvida, basta examinar as estatísticas da violência, continua sendo a maior e mais perigosa quadrilha organizada no País. A maioria é de homens truculentos, ignorantes que atiram em pessoas desarmadas para defender patrimônio privado, isso quando não estão caçando, a tiros, jovens pobres pelas periferias das grandes cidades.
A ministra Dilma Roussef, em atiçada campanha como pré-candidata a Presidência da República, bem que poderia dar palestras para policiais explicando o que é roubar um banco diante do que representa um banco.
O presidente da República? Lula não tem nada a ver com isso, não sabe nem viu, e está muito ocupado em promover seu conhecimento sobre filosofia política contemporânea e em distribuir camisas da Seleção Brasileira de Futebol pelo mundo afora.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Os gênios também morrem

Uma frase, apenas uma, sobre esta onda toda com a morte do cantor e compositor e dançarino Michael Jackson:

Um dos poucos seres humanos do planeta que teve talento e coragem para realizar todos os seus sonhos, e o único que conseguiu mudar de cor.

O cantor


"Queixo-me às flores, mas -que bobagem!- as flores não falam,,,"
Outra genialidade de Laerte, na Ilustrada. Hoje.

Sem diploma

Lula inaugurou ontem uma coluna semanal para uma rede nacional de 94 jornais. O título da coluna é O Presidente Responde, um formato de marketing empresarial aplicado a marketing político, sabe-se lá por que.
O objetivo do imodesto messias é esclarecer os fatos.
Quando inaugurar um blog ou twiter, Lula completará sua investidura pessoal na área de comunicação, ou seu alcance como jornalista, atuando em rádio, jornal, internet e televisão.
Como se sabe ele já fala no rádio às segundas-feiras e mantém um programa diário na televisão, de nome Jornal Nacional. É fácil, não precisa nem ter ginasial...

O Gastão do Planalto

Impressiona ao mundo e aos brasileiros a ação moralizadora dos gastos públicos do Governo Federal. Desde as denúncias que transformaram em escândalo a farra pessoal de altos funcionários do Governo com cartões corporativos, os gastos da Presidência da República aumentaram 100 por cento. No primeiro semestre de 2008, os cartões da presidência gastaram 2 milhões de reais, agora, no primeiro semestre de 2009, gastaram 4 milhões.
É a lógica transversa do presidente Lula. Afinal, governar não é abrir estradas (nem mandar recapear), é apenas formular versões para os fatos.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Na cara de todo mundo

Soube agora de manhã, na estradinha até a padaria, no trinado de um sabiá excitado por alto consumo de pimenta malagueta, que alguns observadores políticos independentes estão estudando uma maneira de exigir ampla investigação do Senado Federal sobre o que há sob o bigode do senador José Sarney.
Duvido. Deve ser mentira.
Mas o sabiá pimenteiro garante que há informações seguras de que debaixo daquele monturo estético escondem-se ilegalidades e injuridicidades capazes de ruborizar corsários e verdugos, como, por exemplo, só por exemplo, um iate de 65 pés, um learjet dourado, uma conteiner de santos barrocos, uma coleção de noivas virgens e um catálogo centenário de formatos parnasianos para literatura infantil -o mesmo utilizado para abiscoitar uma vaga na Academia Brasileira de Letras. O senador nega. E nega até que tenha bigode.
Mas isso quem disse foi o sabiá. Eu também não sei de nada. Nem vi coisa nenhuma. O País, mais do que nunca -parafraseando o grande poeta contemporâneo Ciro Gomes- é um puteiro a céu aberto.

domingo, 5 de julho de 2009

Com afeto...



Tira de Laerte, na Ilustrada.

Pirateada hoje em homenagem a ontem, independence day.

Cobras e lagartos

Soube hoje, no noticiário da tevê local, que o bairro Nordeste da Amaralina, aqui em Salvador, é o lugar do mundo onde mais se morre por picada de escorpião. É. Verdade. E a Bahia é a quarta colocada em incidência de mordida de bichos peçonhentos, na frente, por exemplo, até da Amazônia.
O governo do Estado da Bahia está nas mãos do PT e a prefeitura de Salvador no colo do PMDB, partidos que dominam a cena nacional, ou melhor, os cargos públicos pelo país afora.
Alguém poderia nos explicar qual a vantagem que a gente leva nisso?

A favorita

Anotei ontem no meu caderninho de observações a esmo que a imagem física de dona Dilma Roussef está muito próxima do patético. A peruca parece tampa de açucareiro. A postura cênica é o retrato vivo da arrogância e do autoritarismo.
Acredito que a ministra deve ter um mínimo de naturalidade, mesmo com cabelos desgrenhados, e sorrir pelo menos três vezes entre as refeições.
Afinal, o patético é primo-irmão do ridículo. E os dois costumam andar juntos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Proibido voar

O Departamento de Aeropecuária do Congresso Nacional está outra vez funcionando a pleno vapor. O alvo da vez é o presidente do Senado Federal, senador José Sarney. Em meio a uma verdadeira ciranda cirandinha de denúncias de desmandos, aproveitamentos e benefícios indevidos, ilegais, antiéticos e imorais, sabe-se hoje pelo noticiário dos jornais que o ex-presidente de brasileiros e brasileiras também possui uma casa tipo mansão à beira do lago que jamais foi declarada ao Imposto de Renda. Sem disfarçar o tremor das mãos e do bigode, o velho coronel nortista disse que não sabe do caso e que deve ter havido algum erro.
Quer dizer, o senador José Sarney não sabe que mora num casarão de sua propriedade, no valor de R$ 4 milhões. Isso sim é que não é um cidadão comum. É um boi voador.

Da cozinha

Prometi resenhar grandes obras no formato twiter, ainda não cumpri, mas estou de olho na estante. Na verdade, não sei direito como nem por onde começar. Acho que vou usar a ordem, ou melhor, a desordem da prateleira. Em grupos de quatro, como homenagem aos quartetos de Elliot, teremos, pois, Peter Gay, com a biografia de Freud, a autobiografia de García Márquez, o Guia Mapa de Gabriel Arcanjo, de Nélida Piñon, e o Quarto 19, de Doris Lessing. Dose tarja preta. Ninguém perde por esperar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sinceramente

Hoje é feriado na Bahia. Não tem nem banco aberto. O dia está lindo. O sol chegou na hora de sempre vestido com um de seus modelitos feéricos.
As pessoas estão se dirigindo à praia. Alguns são náufragos nesta ilha de bigodes bucaneros, cercados de astros e aviões cadentes, na trilha dos cordeiros de Deus, de casa para o paraíso. Outros são sobreviventes desta ribalta de barbas piratas, cercados de fantasmas e esperanças do passado, na contramão da lógica, da praia para o mar.
Eu?
Eu acho que não devia ter comido carne e ovo frito e geléia de morango no café da manhã.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pirate news

A ficha criminal da ministra Dilma Roussef no DOPS, divulgada pela Folha de S. Paulo e saudada neste blog ingênuo como selo de qualidade político-ideológica da favorita do Planalto, é mais falsa do que promessa de amor eterno.
Peritos independentes atestaram que a ficha da ministra divulgada no jornal de maior circulação e influência política nacional foi feita em computador, muito provavelmente no velho e bom Corel Draw 11, tem nada a ver com a realidade.
A Folha está indignada. A ministra está indignada. A Polícia Federal está indignada.
Diante de tanta indignação, gostaria de saber, só por curiosidade jornalística, nada mais, a quem poderia interessar a divulgação da ficha criminal de Dilma no DOPS?
A quem?

Barba e bigode

A cada dia que passa fico mais convencido que o senador José Sarney não é mesmo uma pessoa comum. Ele fala e age como um imortal, aliás este um adjetivozinho fajuto conquistado com a generosa condescendência da Academia Brasileira de Letras. Para definir melhor a diferença que há entre os velhos caciques políticos e os novos caciques políticos, uma diferença que só mentes iluminadas como a do presidente da República são capazes identificar, já que não houve qualquer alteração no sistema político vigente no País, tento esboçar uma tesezinha primária para explicar porque este sujeito bigodudo de palavreado hipócrita e texto chulo não é um cidadão comum.
Fui repórter de Polícia muito tempo na Zero Hora, anos 70, e sei do que estou falando. Bandido é bandido, Polícia é Polícia, todo mundo sabe, mas assim como uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Tem ladrão e ladrão, com a diferença de que há os que matam para roubar e os que iludem para roubar. Um é latrocida, o outro é estelionatário. Um usa revólver, o outro a caneta. A Polícia costuma prender o primeiro e fazer acordo com o segundo, é assim que funciona.
Os militares que saquearam o País e mataram jovens militantes de esquerda são criminosos de alto porte. Os políticos que usam cargo público para saquear o país e iludir a juventude são batedores de carteira, criminosos de baixo porte. Quer dizer, o general era homicida, o presidente do Senado é só um estelionatário.
Acho que foi isso que o presidente quis dizer. E é só por isso que um apóia o outro. São iguais. A diferença é que um usa bigode, o outro barba.

Twitando no blog

Essa onda do twiter invadiu a net como um tsunami de bites. Meu amigo Mauro Assis, da Funyl de Brasília, me cutucou com vara curta pra entrar na nova grande brincadeira eletrônica, mas refuguei. Acho, ou pelo menos achava até ontem, que é modismo e logo, logo vai ser devorado, processado e esquecido para sempre. Mas li uma materinha na Ilustrada que mexeu com minha inquieta meia dúzia de neurônios.
O twiter, como todo mundo sabe, é um micro blog que aceita apenas posts de 140 toques, no máximo, e interliga simultaneamente milhões e milhões de usuários mundo afora. Uma dupla de jovens adolescentes norte-americanos bolou um formato sensacional para bombar o twiter: eles estão resenhando grandes obras da literatura internacional, uma a uma, post a post, de acordo com a limitação de 140 toques.
Ora, isto é, sem a menor dúvida, trabalho para velhos cozinheiros de redação de jornal diário, acostumados a reduzir glórias e tragédias a uma mísera frase com sujeito, verbo e objeto. Eu, por exemplo, sempre modesto e despretensioso, do alto de vastíssima experiência de edição diária, me considero campeão mundial da modalidade e vou, no maior descaramento possível, implantar aqui neste arrostante espaço de idéias e opiniões na contramão da realidade da mídia um sistema semelhante ao criado pelos garotos americanos. Tenho, nas estantes da parede atrás do computador, mais de 100 romances de alta literatura, e vou começar a resenhá-los no estilo twiter aqui mesmo neste blog semi-clandestino. Só não sei se começo hoje ou amanhã –às vezes há alguma coisa séria para fazer... Vamos ver como se sai o dia.