quarta-feira, 1 de julho de 2009

Barba e bigode

A cada dia que passa fico mais convencido que o senador José Sarney não é mesmo uma pessoa comum. Ele fala e age como um imortal, aliás este um adjetivozinho fajuto conquistado com a generosa condescendência da Academia Brasileira de Letras. Para definir melhor a diferença que há entre os velhos caciques políticos e os novos caciques políticos, uma diferença que só mentes iluminadas como a do presidente da República são capazes identificar, já que não houve qualquer alteração no sistema político vigente no País, tento esboçar uma tesezinha primária para explicar porque este sujeito bigodudo de palavreado hipócrita e texto chulo não é um cidadão comum.
Fui repórter de Polícia muito tempo na Zero Hora, anos 70, e sei do que estou falando. Bandido é bandido, Polícia é Polícia, todo mundo sabe, mas assim como uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Tem ladrão e ladrão, com a diferença de que há os que matam para roubar e os que iludem para roubar. Um é latrocida, o outro é estelionatário. Um usa revólver, o outro a caneta. A Polícia costuma prender o primeiro e fazer acordo com o segundo, é assim que funciona.
Os militares que saquearam o País e mataram jovens militantes de esquerda são criminosos de alto porte. Os políticos que usam cargo público para saquear o país e iludir a juventude são batedores de carteira, criminosos de baixo porte. Quer dizer, o general era homicida, o presidente do Senado é só um estelionatário.
Acho que foi isso que o presidente quis dizer. E é só por isso que um apóia o outro. São iguais. A diferença é que um usa bigode, o outro barba.

Nenhum comentário: