terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um buque de guerra

A maior dificuldade para escritores ficcionistas, depois da criação do argumento e do esqueleto emocional do roteiro, é compor os personagens. A vida real, claro, é a referência principal e o noticiário dos jornais diários a maior fonte de inspiração.
Imaginem, por exemplo, criar um conto realista com um velho aposentado da Marinha nacional, um sargento taifeiro, que tenha passado grande parte da vida realizando pequenos furtos para compensar o salário magro para tantas almas e bocas dependentes, e que tenha sido pego em flagrante, já com mais de 60 anos de idade, furtando duas latas de leite em pó num supermercado, autuado, fichado e despejado numa cela de presídio, e a família tenha ficado lá na favela, com os bicos abertos como filhotes no ninho.
Dramático e instigante, não? Não. Não é imaginação. O cara existe e o fato aconteceu mesmo, ontem, no Rio de Janeiro. E deve estar acontecendo algo parecido agora, em outro canto do país. É. Este é o país, estes somos nós, marinheiros e escritores, e esta é a brava Marinha nacional, a mesma que está comprando submarinos nucleares.

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