quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

No ar

Estou alguns dias sem comentar neste blog clandestino porque, sinceramente, está ficando impossível acompanhar o desenvolvimento natural dos fatos no país, seja política, cultura, economia, cidadania, segurança, esporte, qualquer coisa.
Mas o mínimo que um profissional do palavreado pode fazer é assistir aos telejornais.
Ontem, por exemplo, no Jornal da Band, edição da noite, vi uma cena impressionante. Plano panorâmico de um bairro inteiramente alagado. No meio da água, no que deveria ser uma rua, uma repórter. Com água pela cintura, ela começou a caminhar em direção a um orelhão a alguns metros de distância enquanto descrevia a enchente. Não havia viva alma por perto, só a chuva, o imenso alagamento, a repórter e o orelhão. Afinal, ela chegou ao aparelho, pegou o telefone, colocou no ouvido, tirou, recolocou no gancho e disse “não tem linha por motivo de segurança”. Corte para o estúdio. O apreentador emendou outro assunto. Fellini não faria melhor.
Hoje, no Jornal da Manhã, da retransmissora da Globo na Bahia, o secretário da Justiça, bravo deputado federal pelo PT , respondeu com sonolência e displicência às perguntas da reportagem sobre a superlotação presidiária, onde as delegacias são espécie de panelas de pressão encostadas nos caldeirões ferventes dos presídios. De dentro de um belo terno tipo feito sob medida, entre frases balbuciadas no seu já reconhecido idioma da língua presa, a maioria incompreensível para o ouvido humano, o secretário anunciou que estava sendo realizada a terraplanagem da construção de um novo presídio. Ele e o repórter consideraram que desta maneira, com a terraplanagem da construção de um novo presídio. a questão da segurança pública no Estado estava sendo enfrentada e resolvida. Enquanto desligava a tevê, lembrei que o veterano militante petista é acusado a boca pequena de ter ficado rico 15 minutos depois de chegar ao poder. Devia ter se aposentado.

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