sexta-feira, 5 de março de 2010

Incoerências

O Jornal Nacional acabou a pouco, mais um espetáculo de esconde-esconde informação política relevante e de incentivo a pequenos fatos esportivos ou de entretenimento. Até a moça do tempo disse bobagem. Está chovendo em Salvador e não fazendo sol, como ela anunciou.
Não se ouviu nenhuma palavra sobre dois fatos de primeira página, como se dizia no tempo em que havia jornalismo no País, isso no interregno entre o autoritarismo dos militares e o do Lula.
O primeiro fato: o Ministério Público pediu o bloqueio das contas bancárias da atriz global Débora Secco, envolvida em esquema de desvio de verbas públicas. William Bonner preferiu gastar a cara-de-pau em sorrisos e trejeitos ao final de materinhas açucaradas e mais uma vez sonegou a informação, para felicidade do casal Garotinho, principal alvo da mesma acusação.
O segundo fato é bem mais sério. O jornal O Globo deu de manchete ontem, e O Globo não é jornal de apostar em notícia não confirmada, ainda mais em manchete de primeira página, que o presidente Lula vai se licenciar para fazer a campanha de Dilma. A notícia dizia ainda que o senador José Sarney assumiria o cargo, mas já estamos falando de porcaria demais, deixamos de lado este senhor, e fiquemos apenas com a primeira parte da manchete.
A questão tem outros desdobramentos mais interessantes. Esta mesma informação, em tom de expectativa e não de fato, foi divulgada pelo próprio presidente Lula dias atrás. Hoje, depois que a manchete do Globo virou um rastilho de nitrogliocerina, o presidente Lula resolveu desdizer a si mesmo. Chegou a afirmar que seria uma coisa descabida, irresponsável. Ele confessou, em outras palavras, que é um homem capaz de imaginar –e falar– coisas descabidas e irresponsáveis. Só isso já seria motivo para o senhor âncora do Jornal Nacional botar o caso alguns segundinhos no ar. Não precisava nem dizer que os profissionais de política no País, de candidatos a marqueteiros, todos consideram que um pedido de licença nesses termos é o mesmo que o reconhecimento da derrota evidente nas urnas.
Bonner não é um piadista. É um profissional sério. E para não dizerem que não falou de política, o Jornal Nacional deu mais umas pauladas em Arruda, ou chutou cachorro morto, como se dizia no tempo em que... blábláblá.

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