sábado, 6 de março de 2010

Poesia dissonante

Já não se fazem mais sambas como antigamente, ou até os anos 80, só para tentar ser exato. No meu computador, onde se ouve música hoje em dia, só toca Joaquín Sabina (in direto), Piazzola, Dylan, Pavarotti, uma ou outra banda de rock e olhe lá. Brasileiros, tudo de Elis/Milton/Brant, uma ou outra saudade, e muito Gil, demais até, a se considerar o ministro que foi. Não, não esqueci de Chico. Desisti de Chico, isto sim, depois que se fantasiou de escritor e passou a freqüentar feiras de livro com crachá de romancista.
Mas o jornalista, poeta e compositor Paulo D’Ántão me perguntou por e-mail se eu conhecia Não Tenho Medo da Morte, de Gil, e teve a gentileza de enviar um link. Cliquei, procurei, li a letra e ouvi a música. Não sei direito, acho que ando de má vontade com o negrão... Mas gostei do site do ex-ministro. Tem-se acesso à fantástica obra do maior músico baiano pós Dorival Caymmi, esquecendo de João Gilberto e Caetano Veloso de propósito, claro, só de sacanagem com os vanguardinhas de antanho, mas foi bisbilhotando no índice alfabético das músicas que cheguei justo a homenagem do discípulo ao mestre, Buda Nagô, com direito a Nana Caymmi num contralto de fazer sorrir. Valeu o dia.
E aproveito para devolver a Paulo e a quem se interessar um link pro grande poeta espanhol, mais ou menos no décimo quinto andar em relação ao sobradinho da MPB, capaz de cantarolar versos como “nada de adiós muchachos, durmo nos enterros da minha geração, toda noite me invento, like a Rolling Stones”. Ou “morrer não é tão grave, agonizo em voz baixa por cortesia”.
Ou ainda "roubei a garrafa de rum de um mendigo moribundo, eu queria escrever a canção mais bonita do mundo".
Esta aí embaixo não fala de morte, fala de trajetória de vida –“com 60, que importa o corte do meu Calvin Klein?” A letra está à direita, em “mais informações”.


http://www.youtube.com/watch?v=q7-I0o8LMsE

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