sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O tempo passa...

Foto de Gustavo Vara, da Futura Press, para Terra.

Reini Lopes, morador da Vila Farroupilha, bairro popular que sofre enchentes periódicas por diabruras da Natureza e irresponsabilidade das autoridades públicas em Pelotas, está de braços cruzados, dentro d'água, à espera da ajuda dessas mesmas autoridades públicas já há mais de 24 horas.

Tragédia anunciada

Pelotas e algumas outras pequenas cidades do sul do sul do Rio Grande estão cercadas pelas águas. Nunca choveu tanto nesta época do ano. Não se sabe, apenas se desconfia, o porquê das torneiras do céu ficarem abertas sobre o entorno da Lagoa dos Patos. Muitos acreditam que a chuvarada fora de época é resultado nefasto do aquecimento global, quer dizer, a culpa é do Bush, mas talvez, no caso específico de Pelotas, com as redes de esgoto entupidas e a falta de bombeamento dos canais, seja mais fácil encontrar o co-responsável pela desgraça sentado na cadeira de Prefeito.

O rapaz e a múmia

A próxima semana será marco fundamental no processo político eleitoral do País, com as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado. Esses dois cargos são uma espécie de ante-sala do gabinete mais cobiçado do País, a presidência da República, as poltronas que antecedem o trono. O ex-presidente José Sarney, ex-campeão mundial de inflação, acredita que já ganhou no Senado. Tião Viana, o garoto mais bem comportado do PT, talvez consiga a façanha de atrair o apoio dos arquiinimigos do PSDB, mas ainda dependerá de algumas traições avulsas no PMDB, uma possibilidade real, mas talvez insuficiente. Não há terceira via, nem dos supostos radicais do PSOL.
Pela primeira vez, diante das circunstâncias político-partidárias que transformam o velho e inconfiável PMDB no fiel da balança eleitoral nacional, estou inclinado a dar meu modestíssimo, inútil e ridículo voto de cidadão observador da política nacional ao menino maluquinho do PT.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Napoleão do Couto e Silva

Dois exemplos de modéstia de dois dos maiores protagonistas da atual cena política nacional, o refugiado político Cesare Battisti e o senador José Sarney.

Primeiro, o ragazzo rivoltoso em entrevista a revista IstoÉ:

- Acho que o gesto do ministro Genro foi de coragem e de humanidade. A Itália precisa reler a própria história. Nós estamos dando à nação italiana a possibilidade de reler sua história com serenidade, humanamente.

Segundo, o ex-presidente sobre sua provável eleição para a presidência do Senado:

- Eu acho que é importante a minha candidatura num momento como esse em que há uma crise mundial.

Argumentação profunda

Recebi no e-mail a.antoniosantos@hotmail.com este comentário a alguma nota postada sobre o caso Battisti. Parece que ninguém consegue comentar nada neste blog, não sei se ele é impostável ou imprestável ou se só permitem anônimos.
Mas o comentário é do jornalista Sobral Lima, velho companheiro com antiga matrícula incondicional no lulismo. Vejam o que ele –leia-se PT– pensa sobre a decisão de dar refúgio político ao extremista italiano.

Companheiro, sinto muito, pais soberano faz assim mesmo, decide e manda às favas os queixumes, ainda tem o pé do caboclo. A mídia golpista, Globo à frente, insiste em querer mandar no Planalto, como já se fez muito neste país tempo atrás; a Itália e seus "liberais" que se fodam, decisão legal e política de um país e de uma presidente que se impõe, apesar dos inconformados e recalcitrantes e que insistem em não enxergar a realidade dos fatos, é para ser obedecida, ponto final. No Brasil de hoje não se pode mais meter a cabeça na terra, vide avestruz.
Nada pessoal. Que que tem essa democracia italiana? Que historia é essa de afrontar via mídia, professores, consultores, doutores, pseudo-democratas de plantão, etc, uma decisão de governo eleito pela ampla maioria do povo brasileiro? Nada mais do que o choro que se arrasta desde 2002 e a realidade mostra que continuará no pós-2010.
Tucanos, nunca mais verás.

Sobral Lima (portaoaberto@yahoo.com.br)

O dote da favorita

Pensei que a mídia golpista e reacionária ia bombar esta ensolarada manhã de quinta-feira com litros e litros de gasolina pura na fogueira do caso Battisti, mas qual o quê, parecem que esqueceram o mais palpitante assunto do dia. Apenas o portal Terra divulga uma entrevista com o criminoso político do momento nacional, embora a Terra, como se sabe, navegue em um mundo infantil entre o Rio Grande do Sul e o Brasil, e seu noticiário apenas costume referendar o que os outros estão informando. O Jornal Nacional de ontem à noite, por exemplo, nem citou o caso na escalada de abertura, o editor não se sacudiu na bancada, apenas fez cara de sério, parece que o assunto constrange os governistas.
O fato do dia, então, ficou sendo as mudanças nos recursos federais, com anúncio da ampliação do Bolsa Família e da distribuição de merenda para jovens. O presidente Lula acaba, portanto, de fazer o que seus eleitores sempre esperaram dele, cortar o orçamento federal e aumentar os investimentos na área social. Há, entretanto, quem considere, claro, que Lula está apenas fazendo política assistencialista para fortalecer sua candidata à presidência da República. Pode ser que sim, afinal ele é um político de carreira. Mas o noivo do próximo enlace matrimonial nacional, o chamado povo brasileiro, deve ter gostado de saber que a noiva está engordando o dote.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Diplomacia do Crioulo Doido

Há juristas por aí dizendo que o próximo passo das relações exteriores entre dois países depois da retirada dos embaixadores é a declaração de guerra.
O embaixador italiano já foi chamado para dar explicações em casa, será que o ministro da justiça brasileira vai chamar o nosso também?
Se for para ir à guerra contra os italianos, quero ir como voluntário da Pátria. Meu sonho é atacar o Monte Castelo. Depois, sim, não deixaremos pedra sobre pedra no San Siro... E ergueremos uma estátua de Tarso Genro no lugar da de Frederico Fellini, na piazza de Rimini.

Namorinho de portão

O blog do Noblat deu ontem à noite a merecida visibilidade nacional a um encorpado artigo do jornalista ítalo-brasileiro Mino Carta publicado na revista semi-clandestina Carta Capital sobre o caso Battisti.
O artigo surpreende não porque mostra o coraçãozinho de Mino mais italiano do que brasileiro, mas sim porque o magnífico articulista é entusiasta declarado da evolução política brasileira com um líder operário na Presidência da República. Quer dizer, o jornalista, responsável por alguns dos maiores títulos da Imprensa nacional, como Veja e Jornal da Tarde, por exemplo, é uma das principais vozes da gauche-caviar brasileira que apóia, ou pelo menos apoiava, as impressionantes peripécias políticas-administrativas do governo Lula e agora resolveu atirar para dentro da trincheira.

Nunca entendi o repentino partidarismo de Mino, sempre saudado por todos nós como o mais criativo dos veteranos defensores da liberdade de expressão, com um governo que ataca sistematicamente jornais e jornalistas que não comungam de suas ideias sobre democracia e Imprensa.
Impossível saber se a Carta Capital era aliada do governo por amor ou amizade. De todo o jeito, acho que vamos ficar sem saber, parece que o sonho acabou.

De cretinos e cretinices

Impossível manter os dedos fora do teclado na crise diplomática Brasil e Itália. A todo instante surgem novas informações, fatos, repercussões, comentários, e o caldo borbulha e engrossa. Este é tipo de prato preferido da mídia golpista e reacionária. Então, lá vamos nós.
Hoje, sabe-se que a Procuradoria Geral da República e o Conselho Federal de Justiça deram parecer favorável à extradição de Cesare Battisti, mas mesmo assim o Ministro da Justiça resolveu conceder refúgio político ao notório criminoso foragido de uma das mais tradicionais Repúblicas democráticas da face da Terra. O ministro da Justiça do Brasil considerou equivocada a sentença da justiça da Itália sobre crimes envolvendo italianos na Itália.
Em tempo, e sem querer criar uma outra frente de confronto diplomático, talvez tenha que se levar em conta o fato de o ministro brasileiro ser de origem portuguesa...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O dilema da gauche

A esquerda do caviar, como os franceses chamam os antigos marxistas que desfrutam hoje dos honrosos benefícios de uma ideologia neo-socialista liberal globalizada, se isso existir, claro, está com as barbas de molho.
A questão não é considerar Cesare Battisti um guerrilheiro ou um terrorista, um assassino ou um revolucionário, mas sim definir claramente os argumentos do Governo brasileiro para conceder refúgio político a um cidadão julgado, condenado e procurado por uma República democrática.
Nos anos 70, época de absoluta intolerância política em um mundo dividido entre ditadores e salvadores-da-pátria, a esquerda brasileira, que então abominava caviar, idolatrava as façanhas do grupo guerrilheiro italiano Brigatti Rossi, do qual pontificava o braço executor do grupelho comandado por Battisti –ele e mais dois contra a lógica política, a Polícia e o exército italiano. As Brigadas Vermelhas, de Renato Curcio, e o grupo alemão Badder-Meinhof, do lendário casal Andreas e Ulrich, eram, sim senhor, os heróis de estudantes, operários e intelectuais politizados de todo o Brasil. Eram os heróis de todos nós. Meus e seus, certamente, e dos então militantes Tarso, Dilma, Dirceu, e até de Lula, por que não?, sindicalistas alienados também são românticos... Mas e agora, Nana, Naninha, o que fazer com este heroizinho contaminado que quer se esconder no fundo da casa da gente?
O ministro da Justiça apelou para os mais nobres sentimentos patrióticos ao invocar a soberania nacional para justificar a controversa decisão. É pouco. Hoje já tem gente graúda, como juristas e professores doutores, afirmando que a decisão soberana representa, na verdade, um arroubo autoritário contra a importância da cooperação internacional e dos valores humanitários.

Talvez seja o caso de chamar um barbeiro. Pode ser que esteja chegando a hora de raspar a barbinha... Eu vou continuar com a minha. Afinal, prefiro foie-gras.

Estratégia palaciana

Muito interessante o balãozinho de ensaio político-eleitoral que está a desfilar pelos céus de Brasília sem conseguir chamar atenção do distinto público. Há uma semana que os ministros Reinhold Stephanes, da Agricultura, e Carlos Minc, do Meio Ambiente, discutem o tamanho da responsabilidade dos fazendeiros com a proteção dos recursos naturais, sem ficar claro quem está defendendo o quê e a favor ou contra quem. O único fato claro é a proposta dos dois para que a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, atue como mediadora do conflito. Hoje o presidente Lula tentou manter o caso no topo da mídia decretando uma surpreendente Lei do Silêncio, mas dificilmente o balãozinho turbinado conseguirá atrair alguma atenção.
O Governo vai ter muitas dificuldades para construir uma escada alta o suficiente para levar A Favorita à popularidade necessária para sustentar uma candidatura viável a Presidência da República.

O novo Monte Castelo

O governo da Itália acaba de chamar de volta seu embaixador no Brasil. A decisão foi de bate-pronto após o anúncio formal da Procuradoria da República de pedir o arquivamento da extradição do ex-ativista político Cesare Battisti. A situação é grave e piora a cada instante. Será que a soberania da gente acaba onde começa a soberania dos outros?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Espelho, espelho teu



Logo na estréia deste blog, a língua portuguesa ainda não havia sido desbastada, usava-se ainda os acentos de acordo com o antigo figurino, publiquei um comparativo entre as cidades de Maceió e Pelotas. O jornalista Pascoal Gomes é apaixonado pela capital alagoana, está por lá novamente, e mandou algumas fotos para acirrar a bizarra comparação. No quesito céu contra céu, pode-se observar o apoteótico pôr-do-sol na praia do Gunga e a serenidade do manto celestial visto de janela de hotel na Princesa do Sul.

Pela estrada afora

Manhã radiante de segunda-feira e lá vou eu a pé até a loja de material de construção comprar um pedaço de cano, duas luvas, cola plástica e braçadeiras, coisas de repente fundamentais para que a água volte a jorrar em casa. Nada demais, apenas um esforço para que tudo fique como estava antes, ou remendado.
No caminho empoeirado, lembro de Zé Luiz Nogueira, o poeta diretor, e de sua paixão confessa pelos pequenos consertos ou, digamos, tarefas caseiras. Zé adora consertar a bomba d’água, ir buscar a duas quadras do inferno –ou do paraíso– um botijão de gás, resolver a raivosa equação de dois pneus arriados e o estepe vazio, e ainda sair em busca de um cimentinho branco para rebocar dois azulejos rebeldes. Eu também sou mais ou menos assim não fosse sempre a súbita vontade de sair na porrada com os balconistas baianos, gente incapaz de entender que bitola de meia polegada ou de três quartos ou de 25 milímetros é tudo a mesma merda!

A bela e a fera



Corre como rastilho de estopim a notícia de que o refúgio político concedido pelo governo brasileiro ao ativista italiano Battisti teria sido em atendimento a um pedido explícito da primeira-dama francesa, Carla Bruni. A situação, enquanto a verdade não vem à tona, permite os mais desvairados comentários. Ninguém em Brasília consegue entender como o Itamaraty admitiu tal inusitada proeza diplomática, mas todos são unânimes em afirmar que não há homem no mundo capaz de negar alguma coisa para esta senhora de olhos tão profundos.
E para embolar ainda mais o caso, como não poderia deixar de ser, ela nega.






sábado, 24 de janeiro de 2009

O miau do lalau

Dizem que se houver um absurdo, na Bahia tem precedente. Mas não sei se no caso do gato laranja no Mato Grosso do Sul a gloriosa Terra da Felicidade conseguirá ser mais original. O gato Billy, de quatro anos, foi registrado no Bolsa Família como Billy Silva da Rosa e recebeu benefício de 20 reais por mês durante sete meses. O autor da façanha é o senhor Eurico Rosa, coordenador do programa Bolsa Família no município de Antonio João. Além do gato, Eurico também recebia benefícios em nome de dois filhos que ainda não nasceram. O cidadão foi demitido, claro, e Billy está na rua da amargura.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Canário-goiaba

Visita nova na casa. Um canarinho amarelo, meio rajado de cinza nas asas, o topo da cabeça avermelhado. Parece o que meu pai chamaria de canarinho-da-terra. Está pousado num galho ressequido de goiabeira. Todos os instantes são tensos para os pássaros. Este está à espera de algo ou alguém, com certeza, não imagina que a goiabeira que o sustenta e emoldura é a mesma que dá de tudo, e da qual fiz um sambinha puladinho de rima rasa tempos atrás e cuja letra está num arquivo escondido, deixa ver, aqui está, control C control V, pronto,

Eu tenho uma goiabeira que dá tudo,
Dá goiaba, laranja e limão,

Eu tenho uma goiabeira que dá tudo,
Dá mangaba, caju e melão,
Dá pimenta, abobrinha e mamão,

Eu tenho uma goiabeira que dá tudo,
Dá lingüiça, quiabo e feijão,
Dá coentro, cebola, pimentão,
Dá romance, novela, dramalhão.

É. Eu tenho uma goiabeira que dá tudo. E agora também dá canário encantado... O que quebra o ritmo e encerra o assunto que nem chegou a existir.

Chega pra lá

O PMDB, cada vez mais governo na prática, está tentando anular ao máximo a influência do PT nos interesses políticos e administrativos do Palácio do Planalto. Se conseguir, será o primeiro caso no mundo livre democrático em que o partido do presidente da República serve apenas como base de apoio do Governo Federal. Ou, se preferirem, mais um caso em que a carroça está diante dos jumentos.

Briga de cachorro grande

Duas novidades matinais sobre a sucessão no Senado.
O PDMB avisou esta madrugada que deixará o PT sem cargos na mesa diretora e sem presidência de comissões, caso o partido do governo mantenha a candidatura de Tião Vianna contra a da Múmia Consagrada.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio, mostrou, mais uma vez, ser um combativo radical da cautela ao afirmar que seu partido fechará em torno de um único nome. O PSDB, na verdade, nunca foi tão parecido com o PT –é a cara de um, o focinho de outro.

A volta de Carmen Miranda

Sensacional o xadrez político nacional. O lance do tucanato é perfeito, elegante, um touchê clássico, não vem que eu também vou. O apoio do PSDB à múmia consagrada deixa outra múmia consagrada como a noiva mais cobiçada do país, afinal o que importa é a benção final das urnas. Não tem Gisele Bundchen certa para o bravo Orestes Quércia. O antigo paladino dos autênticos do velho MDB vai ter voz ativa na sucessão presidencial. Quem diria, o Irajá é em Brasília...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Amizades coloridas

A novíssima lógica de governabilidade política imposta aos partidos e ao povo em geral pelo presidente da República deu um nó de marinheiro nas negociaçções para os cargos de presidência da Câmara Federal e do Senado. Lula está trabalhando para entregar os dois cargos políticos mais importantes do cenário nacional para um único partido, em detrimento de todos os outros, inclusive o seu.
Hoje, só o PSDB pode salvar o PT de perder o comando de uma das duas pontas do poder legislativo. Tião Viana terá de contar com Arthur Virgílio para vencer a Múmia Consagrada.
O que acontecer na Câmara, com a eleição ou não de Temmer, definirá as novas relações do poder político no País. O contrato de casamento entre Lula e o PT, no mínimo, pode perder a cláusula da comunhão de bens.

Gracias a la vida

Como se viu nos jornais, os argentinos consideram Lula como o melhor entre todos os presidentes, com um pontinho de diferença para Hugo Chávez e três para Evo Morales. Em quarto, a mega-estrela Barak Obama e em quinto a socialista chilena Blachelet. O senhor deve estar se perguntando porque Obama ficou tão atrás num momento de absoluta visibilidade na mídia internacional. A resposta evidente, em linguagem de marketing político, é que o guapo presidente norte-americano tem altíssima rejeição entre os argentinos. Por que a rejeição? Se o senhor pensou em racismo, talvez tenha pensado certo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tico-tico no fubá

A grande novidade da mídia de comunicação nacional é o novo estilo do editor-chefe-apresentador do Jornal Nacional, William Bonner. Ainda sem assumir a postura natural dos âncoras de telejornais –COMENTAR as notícias– o principal porta-voz do sistema está inovando o jornalismo com interpretação corporal dos fatos do dia. O cara está se balançando como nunca na bancada. Prestem atenção. Bonner voltou das férias como se fosse uma Carmen Miranda a nos vender balagandans.

Ah, insensatez

São tantas e tão profundas as mudanças políticas no planeta que acordei mais confuso que o normal. Sai um sujeito que se considerava o dono do mundo e entra um que se acha apenas o presidente do mundo. Ressurge das cinzas José Sarney, candidato a presidência do Senado com apoio discreto do presidente Lula, o Viagra ao contrário da política nacional. O PSDB cresce sem pregar um prego num sabão, vai surfando nas marolinhas mal resolvidas do PT. O ano, sem dúvida, será extraordinário. Ainda bem que o show do Roberto Carlos é só no Natal.

A estrada e o violador

Fora à dor, que a dor não conta, quem me ensinou a pensar foi, foi, marinheiro, foram as letrinhas do mar. Primeiro, em zigue-zague no bloco pautado do grupo escolar, em seguida nos letreiros luminosos do caminho do bonde, depois na caligrafia bailarina dos diários das esquinas, e, enfim, no manuscrito dos gibis de matiné, no interminável Tesouro da Juventude e nos romances de Jorge Amado e Érico Veríssimo até a literatura infinita de russos, franceses e sul-americanos. Tudo muito bonitinho, bem guardado na memória, de acordo com as leis do conhecimento puro e do bom senso, caso haja, claro, um e outro. E tudo isso para acordar numa quarta-feira sem saber direito como raciocinar um mínimo de razão política em um contexto de autoritarismo, covardia e roubalheira.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A rede celestial


O Vaticano anunciou hoje que está negociando um canal exclusivo no site do Youtube. A Santa Sé pretende divulgar as aparições do Papa Bento XVI e alguns eventos católicos no maior moderno canal de audiência e interatividade da web. A Conferência dos Bispos da Itália, CEI, acredita que isso ajudará os católicos a refletir sobre as relações entre virtual e real.
Leigo modesto e limitado, eu também acho.
Gostaria apenas de entender por que, no atual santificado endereço eletrônico do Vaticano, conforme se vê nesta imagem de O Globo, o primeiro botão do lado esquerdo promete acesso ao Arquivo Secreto.
Espero que o novo canal no Youtube não seja tão brincalhão...

Pescando com o inimigo

O presidente da República é amigo de todo mundo, o maior boa praça, o velho meu chapa. Este estilo, ao mesmo tempo cativante e irritante, está se transformando em uma overdose de lógica política sindicalista usada em nome da melhor governabilidade e das boas relações político-partidárias eleitorais possíveis e imagináveis.
Tudo bem, estilos são estilos.
Dividir seu coraçãozinho dadivoso entre Dilma e Serra, o MST e o agronegócio, os retirantes nordestinos e os acionistas do sistema financeiro, por exemplo, pode ser mesmo apenas uma questão de ótica política, mas querer ir pescar com o Bush é demais até para o mais corintiano dos flamenguistas entender.
Por que pescar com o Bush?
Parece um exercício de paroxismo da dubiedade ou da mais pura paixão pelo perigo.

O rei e a realidade

O mundo inteiro festeja hoje a posse de Barak Obama, o primeiro afro-americano a assumir a Presidência do maior país do mundo. A grande pergunta é o que vai mudar para os norte-americanos e para o resto do planeta?
O próprio Obama tem a resposta. Ele diz que a maior mudança será na relação entre as crianças brancas e as crianças negras. Elas terão que se ver de maneira diferente. É um raciocínio muito bonito e inteligente, talvez apenas não seja tão lógico como pensa o novo dono do mundo.
Aqui no Brasil, quando o torneiro-mecânico Luís Lula da Silva assumiu o governo, ou melhor, o poder, também houve grande expectativa pela provável mudança na relação entre as crianças pobres e as ricas. O tempo passou e nunca mais se falou nisso. A realidade costuma vencer a imaginação de goleada.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A chave do segredo

Uma das grandes dúvidas das pessoas interessadas em jornalismo e literatura é saber como se conta uma história. Os dois maiores escritores latino-americanos têm métodos à venda nas livrarias –Cartas A Um Jovem Escritor, Vargas Llosa, e Como Contar um Conto, García Márquez– e, acreditem, ajudam muito.
Outra grande dúvida, por que as pessoas contam histórias, começa agora a ser respondida pelos cientistas e talvez jogue alguma luz sobre o povo que vive, ou pretende viver, das palavras.

Além do que já se sabia da síndrome de Korsakoff, descrita pelo neurologista Oliver Sacks no célebre O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu, outro neurologista amigo de escritores está publicando seus estudos sobre os motivos e hábitos das pessoas que contam histórias.
Para encurtar a conversa, o professor suíço Armin Schnider descobriu que todos os que contam histórias, os confabuladores, usam imagens do início de sua vida e podem ter outras situações em comum, como amnésia profunda em consequencia de algum tipo de aneurisma, doença de Alzheimer ou outra forma de demência, bem como quem tem teve o cérebro lesionado por um derrame e nem sabe disso.
Pois é. Como contar parece ser um bom exercício para entender por que.
Basta ser doido.

Reflexões matinais

Um mentiroso não é exatamente um farsante. São duas coisas diferentes, com várias faces. A mentira passa a ser má quando há a intenção de enganar. A mentira só não se transforma em verdade, de tão boa que pode ser em seus princípios, porque o limite entre o bem e o mal tem a bendita espessura de um engano. Por isso as mentiras são banidas do bom senso humano, apenas alguns animais, de instintos naturalmente traiçoeiros, a mantém como princípio de sobrevivência, o que não lhes garante nenhuma pureza ética, mas pelo menos algum conforto moral, são assim os animais, contentam-se com o que os satisfaz. Os homens não. Nada detém a voracidade humana. Há um plano, uma altura, claro, de rigor de caráter, atingido apenas por poucas pessoas, mas a imensa maioria se vale de tudo que pode alcançar para alimentar corpo e espírito.
Amanheci assim, com a disfasia da mídia atravessada na garganta. As palavras podem adquirir vários sentidos, tamanho, peso, valor, algumas até mudam a textura. Pense agora em amizade, reeleição, ideologia, pragmatismo, guerrilha, terrorismo, tente entender os múltiplos significados, e passe o dia com um barulho desses.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Lula lá-lá-lá

Reeleição, palavrinha chata. Os progressistas liberais, como as zelite, a mídia golpista e a direita reacionária, dizem que reeleição é atitude antidemocrática, mas os progressistas pragmáticos, como a militância esquerdista, o sindicalismo desvairado e o Governo Federal, aceitam-na como a mais natural das ações democráticas.
O presidente Lula exercitou ontem, na Venezuela, toda sua extraordinária capacidade de se equilibrar num quiabo para conceituar a desagradável palavrinha ao lado de um candidato a ditador eterno e sabendo que cada frase sua seria dissecada pela classe política, a Imprensa e o distraído povo brasileiro. O resultado foi um disse-que-disse-mas-não-disse no pior lulês possível.
Mas e o senhor aí, acredita que reeleição é boa ou má para a democracia?

Sei não, mas acho que ouvi um tanto faz como resposta...

Gente com alma

Soube agora que Pelotas está mesmo profundamente comovida com a tragédia que se abateu sobre a cidade. Algo um pouco além do que se vê no noticiário da tevê. Acho que sei como os pelotenses estão se sentindo neste momento de dor dentro de casa e com as janelas abertas para a bisbilhotice alheia, ou a curiosidade nacional, ou os olhos do mundo. De longe, pela alegria do futebol, pela cidade que aprendi a respeitar para sempre, estou também emocionado e guardando silêncio em nome de todos. Não que isso de eu estar emocionado tenha uma pivica de importância, é só jeito de falar.
Só quero dizer que sei que Pelotas é uma cidade estranha, parece repousada num canto do país que nunca existiu. Ali o tempo não passa, é apenas uma mancha nas paredes coloniais, no lombo dos cavalos, na memória de gente que não envelhece, na agonia de amores que ainda buscam o lugar certo para fazer o ninho, na alegria com que as pessoas cuidam do cenário e do figurino colorido para o próximo baile da esperança. O Brasil de Pelotas é grande. E a vida continua
.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Ninho de cobras

A controversa decisão do ministro da Justiça em conceder refúgio político a um ativista foragido da Justiça de uma República livre e democrática deu um nó na lógica diplomática internacional e colocou frente a frente os compromissos políticos ideológicos partidários e os reais interesses de estabilidade do Estado de direito. Os próximos dias vão definir o tamanho da cumbuca que o notável líder gaúcho levou ao Palácio do Planalto para o presidente enfiar a mão.

Mas já que estamos falando de situações controversas da diplomacia, alguém poderia explicar, nesta foto de Condoleezza Rice e Tzipi Livni assinando uma intenção de acordo de paz, quem é o rapaz à direita, com a mão no bolso? Não é o Fernando Vanucci?

De papo pro ar

Segundo a mídia golpista, a marolinha vem que vem. O desemprego já é realidade para mais um milhão de profissionais, segundo cálculos do Governo Federal. Há grande expectativa sobre o que irão fazer as centrais sindicais. Até o momento, pelo que se vê no noticiário, estão negociando algo como os termos de rendição da classse trabalhadora. Greve não é mais sequer cogitada como instrumento de defesa de direitos. O Brasil mudou muito. Agora somos felizes, gordos e otimistas. E estamos preparados para boiar em qualquer onda.

Em nome da bola

Tragédias. Morrem milhares de pessoas em terremotos do outro lado do mundo, mal nos damos conta. Se há um corpo caído no chão no caminho de casa, ficamos de orelhas em pé. Quanto mais longe, melhor, estamos a salvo. Mas às vezes não é bem assim.
Hoje acordei sabendo que ontem de noite três profissionais esportistas do Brasil de Pelotas morreram num acidente na estrada. Nada a fazer, só a sofrer e lamentar -um dos mortos, Cláudio Millar, atacante uruguaio, era craque de bola, algo raro e insubstituível. Mas espero que Fernando Marroni, ilustre deputado federal por Pelotas e ardoroso torcedor xavante, comande uma grande manifestação em protesto pelas más condições das estradas gaúchas, em memória dos três bons profissionais do futebol, em apoio aos familiares das vítimas e em solidariedade à imensa nação rubro-negra.
Acho que devemos fazer alguns minutos de silêncio.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A aldeia maluco beleza

Estive ontem em Arembepe, um dos três grandes refúgios da turma do paz e amor no final dos anos 60, um trisquinho dos 70. Os outros dois lugares eram Guarapari e Garopaba. Guarapari não existe mais há muitos anos. Garopaba, hoy, habla español. Arembepe ainda é a mesma. Nem o progresso nem os turistas chegaram até agora. E nem vão chegar nunca. Há uma bendição divina cobrindo o Piruí, um remanso de corais e piscinas naturais que um anjo distraído deixou cair à beira do mar da Bahia quando estavam recolhendo as belezas naturais da terra para formar o paraíso.
Não tenho fotos nem vídeos nem anotações. Há coisas, como diz Lula, que é melhor ficar apenas na cabeça. Ou no coração.

Na mansão da misericórdia

Segunda quinta-feira do ano, dia de lavagem do adro da Igreja do Bonfim. O repórter da Globo local acaba de informar que a cidade está coberta por uma áurea e a repórter replicou do alto da colina sagrada, antigamente o Bonfim era muito longe da cidade... O dia promete.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Passeio no bosque

Previsões atrasadas e pouco criativas para este novo ano.
Haverá, sim, novo ano. Terá 365 dias. Muitos com sol, alguns com chuva. Todos terão o que se chama de dia e de noite, divididos em horas. Vinte e quatro ao todo, quer dizer, ao todo por cada um. O dia será sempre integral, não restará jamais uma horinha, por exemplo, para ser descontada ou somada ao seguinte. Nunca. E a temperatura? Bem, temperatura pouco interessa, é sempre suportável. Sobrevive-se a ela. Como se sobrevive a meia e sapato. Há quem irá preferir sandálias ou até mesmo chinelo, mas de um jeito ou de outro será assim mesmo que se andará por esta terra de felicidades desolada por tragédias e desilusões. Normal. Será o mesmo que passear no meio da tempestade. Já estamos todos bem acostumados.
A inesgotável capacidade da sociedade em se espantar com os desatinos do homem será posta à prova em inúmeras, incontáveis, peripécias políticas, financeiras, culturais, esportivas e também nos mais simples e triviais comportamentos cotidianos. De nada adiantará tapar, de súbito, a boca aberta. A surpresa perdeu a moral quando os homens perderam o sentido da ética.
Ou seja, querido perscrutador da realidade, o próximo ano será igual a esse que acabou de acabar. A sua chance de ser feliz, por isso mesmo, será igual a zero. Ou a mil. Depende apenas da sua cabeça. Do que você acredita e do que você faz por isso. Um bom início será deixar de ler bobagens. E, principalmente, de escrever bobagens. Também será fundamental não votar em gente incompetente e ladra como muitos de nós fizeram da vez passada. Assim, então, talvez tenhamos alguma chance de levar a cesta de frutas a salvo até a casa da vovó.

As novidades da banca

Saiu a lista de livros para o vestibular 2010 da Universidade de São Paulo e da Unicamp.

· O
Cortiço, de Aluísio Azevedo
· Capitães da Areia, de
Jorge Amado
· Antologia Poética (com base na 2ª edição aumentada), de
Vinícius de Moraes
·
"Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente;
·
"Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida;
·
"Iracema", de José de Alencar;
·
"Dom Casmurro", de Machado de Assis;
·
"A Cidade e as Serras", de Eça de Queirós;
·
"Vidas Secas", de Graciliano Ramos.

As três primeiras obras são as novidades da lista. Não há informações disponíveis e nem tenho a menor idéia do critério usado na seleção. E nem muito menos quando o pessoal da Fuvest –Fundação Universitária para o Vestibular– vai perceber que já estamos em outro século.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Tire o seu sorriso do caminho...










Um programa de computador criado para diagnosticar distúrbios psíquicos determinou que o sorriso de Mona Lisa é uma expressão composta por 83% de felicidade, 9% de desprezo, 6% de medo e 2% de ira. Parece perfeito. O cálculo foi registrado pela Universidade de Amsterdan na revista New Scientist dois anos atrás.


Será que este mesmo computador poderia definir o imperceptível sorriso da ministra Dilma Roussef? Aposto que cairia muito o índice de felicidade e subiria bastante o de ira.













A guerrilheira manequim

Ai de mim. Acordei meio chateado, sofrendo muito, igual ao Presidente da República. Faço de conta que não fui eu mesmo quem armou a arapuca da qual não consigo me desvencilhar, invento inimigos, conspirações, nem o trinado do sabiá escapa da lamúria auto-piedosa. Igual ao Presidente da República.
Ontem vi uma mocinha fantasiada de militante política. Jeans, sandálias, blusinha branca, boina, panfleto na mão e faixa vermelha na cabeça. Parecia um modelito neo pirata.
Hoje vejo uma senhora decorada de madame. Vestido tubinho tailler, cabelo-moldura, nada nos bolsos ou nas mãos, estilo madre superiora. Não sei direito o que pensar. Capinan tem que escrever novas canções. Afinal, ideologia virou grife. Não se fazem mais guerrilheiras nem senhoras como antigamente.

A favorita


A primeira enquete do blog acabou. Quem é o melhor pré-candidato a Presidente da República? Deu Dilma. Ontem, a ministra reapareceu em público depois de uma copidescagem radical na aparência. Parece mais jovem, semblante sério de coroa bonitona. Acho que cresceram as possibilidades de Aécio Neves.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O pai da matéria

Meu amigo Pascoal Gomes mandou um link para a entrevista do presidente Lula ao repórter da revista Piauí. Ouçam. Estranho -e muito equivocado- o jeito como Lula vê a Imprensa. Alguém tem que conversar com ele. O bonde do jornalismo dispensa motorneiro. A TV Pública, por exemplo, é uma bobagem, uma arrogância totalitária, uma ilógica pretensão de controle democrático da liberdade de expressão, um projeto exclusivista vencido pelo tempo e pela realidade da comunicação global. Mas ouçam o presidente.

http://www.imprensa.planalto.gov.br/

Nas asas do bem

Estaba yo acá a ouvir pela enéssima vez la canción más hermosa del mundo, nesta rara nublada manhã de verão baiano, quando notei um alvoroço no jamelão do jardim. Florido, o jamelão é um flat residence disputado a bicadas por todo tipo de passarinho. Agora mesmo, um bichão grande, o dobro de um sabiá, invadiu a copa como um centurião romano. É forte, cor de telha, longa cauda com pontas manchadas e branco e preto, canta como um joão-valentão, não tenho a menor idéia de quem se trata. Só sei que os passarinhos debandaram. Fugiram todos, gurimatã, sanhaço, pica-pau, caga-sebo, beija-flor, todos. O bichão está posando de dono da área. Mas isso dura apenas até chegarem os bem-te-vis. Ainda não vi nenhum. Devem ter ido caçar gaviões. Quando voltarem, e isso é pra já, esse bichão vai ter que ganhar os ares, não há ave no céu que resista a um bem-te-vi -nem urubu.
Vou voltar para os versos -me libré de los tontos por ciento del cuentos de bisnes- e tentar trabalhar um pouquinho. Joaquim Sabina merece atenção, o link está aí por baixo. Já o bem-te-vi merece uma crônica, não apenas uma notinha de blog distraído.

Os prefeitos e deus

Com a atividade política em banho-maria, os jornais procuram novidades nos Tribunais e instituições que de uma maneira ou de outra arbitram o eterno embate entre a safadeza e a utilidade pública, grande clássico nacional. Sabe-se hoje, por exemplo, que as denúncias de corrupção não afetaram a reeleição de prefeitos no ano passado. Nem nos casos de desvios de merenda escolar e de verbas para cursos de capacitação de professores. O eleitorado nacional parece se divertir em desmoralizar princípios e conceitos de marketing político. O prefeito de sua cidade é corrupto? Pois saiba que isto não quer dizer nada.
A CNBB, graças a deus, está tentando combater o que se pode chamar de liberalismo popular, ou este jeito inacreditável de o povo aceitar roubo de dinheiro público em troca de um benefício comunitário qualquer. Este ano, graças a deus, nunca é demais repetir, a CNBB lança uma campanha contra o rouba, mas faz. E também está de olho nos polêmicos casos de prisão especial, imunidade parlamentar para crimes comuns e foro privilegiado. Se a Igreja Católica conseguir cumprir seu objetivo de fiscalização e orientação, a gente talvez possa acordar na segunda-feira um pouco menos assustado com o retrato do Brasil sangrando na parede como um coração de Cristo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Sanatório Brasil

A propósito das recentes revelações da mídia sobre as atividades inconfessáveis da Abin, Agência Brasileira de Inteligência, surgem oportunas informações sobre pelo menos uma das atividades inconfessáveis do antigo SNI, o órgão de inteligência no tempo da Ditadura. Não se trata somente de agressões aos direitos do cidadão, quesito no qual os militares são imbatíveis, mas sim da mais pura estupidez em nome da soberania nacional.
O jornalista Fernando Rodrigues está divulgando em seu blog, na UOL, documentos sigilosos do Exército nacional a respeito de investigações de objetos voadores não-identificados. Leitura dominical obrigatória. É inacreditável a maneira como os militares tratavam o tema OVNI's. A transgressão ética da Abin é perfumaria infantil diante da estratégia tosca e obscura dos pais da Pátria em lidar com fantasias populares inaceitáveis à luz da ciência.
O assunto me fez lembrar uma manchetinha do velho e bom Jornal da Bahia, nos anos 80. Um Boeing da Vasp em voo do Ceará para São Paulo avisou a torre de controle de Brasília que havia dois objetos não-identificados seguindo o avião. Caças da Força Aérea entraram em ação e colocaram os ovnis em fuga. Havia um cardeal a bordo, dom Aloísio Lorscheister, que assistiu a toda movimentação aérea da janelinha do avião.
Eu estava fechando a capa quando a notícia chegou. O diagramador, o grande Reinaldo Kageyama, só de brincadeirinha, arrumou um lugarzinho no alto da página, coluna da direita, título de 3 de 12 -ou três linhas de 12 toques. À primeira vista, impossível, mas botei a lauda na máquina, naquele tempo computador era só objeto de desejo, e tive a imensa felicidade de sacar um título perfeito, exato, logo de primeira:
Jatos da FAB
perseguem
disco voador
Parecia ficção. E era. Hoje o Brasil é outro, graças a democracia, mas a loucura ainda é a mesma.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Com agá

A busca deste blog por comentários positivos rendeu nada até agora. Mas hoje foi até divertido.
No brasil em que se transforma a Bahia no verão, entendam isso como tupy-guarany, afinal o clima é a verdadeira origem do nome do nosso País, eu e meu velho amigo Roberto Pontes aproveitamos o vazio do sábado para desfrutar de um boteco à beira do mar da Ribeira. Tudo de bom, cenário deslumbrante, elenco nem tanto, e cardápio de veteranos baianos adotados. Um ensopado de pescada amarela, pimenta, cerveja, pimenta, pirão, pimenta, feijão fradinho com cara de capuchinho, pimenta, cerveja, e uma conversa de cheiro mole sobre a guerra do dia-a-dia, a inevitável nostalgia de antigas Redações, companheiros e companheiras que se foram, companheiros e companheiras que irão, sambinhas de memória, às vezes admirando o suave balanço do mar verde cristalino, às vezes reparando no balaio de delícias das mulatas gordas do subúrbio, pra lá e pra cá, e aí, seu moço, vai querer queijinho na brasa, castanha, algodão doce, cigarro, peixe frito, água mineral? Só não passou a moça da cocada. Perdemos a sobremesa e eu perdi a nota positiva. Afinal, Bahia sem cocada tem gosto de Rio Grande do Sul.

E a marolinha?

Passei o dia desconectado, o monitor teve um ataque de epilepsia, reentrei agora, fui direto nos jornais do dia, surpresa, nada de novo, hoje ainda está igualzinho a ontem. Mudaram as fotos, mas as manchetes são as mesmas. Com um detalhe interessante, na página de política da Folha de S. Paulo, meia dúzia de materinhas, ou seja, os devolteios de Minc no Meio Ambiente a mil, rescisão de contrato do Itamaraty com agência de viagem, novos projetos de Niemeyer para Brasília, Plano de Saúde é alvo de tribunal, e Polícia indicia executivos da operadora Vivo. Nem uma palavra sobre política. O ano ainda não começou. E eu já dancei num monitor novo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Los Iracundos


Olhem isso, como diz o Tass. Uma edição simples
e pontual sobre uma das mais famosas canções
de Joaquin Sabina, la mais hermosa del mundo.
Los dioses son los mismos, como diria Lula.

Como se pode olvidar?

Joaquim Sabina, cantor e compositor espanhol,
conhecido por seu engajamento político e
atrevimento musical. Cliquem no link abaixo
e vejam uma obra-prima que talvez só uma
mente confusa como a minha possa imaginar
que seja uma mistura de Tom Zé e Adoniram
Barbosa. Boa viagem.

http://www.youtube.com/watch?v=odXqBrb6ctI&feature=related

A volta do Baratassauro

Textinho de tempos atrás, mas parece que foi ontem à noite.

Um dos maiores personagens da história da literatura, George Sansra, em um belo dia da esfuziante Berlim dos anos 20 acordou transformado em uma barata. Eu, nesta simplória realidade terceiro-mundista sob a égide do sindicalismo populista demagógico no alvorecer do novo século, acordei como um dinossauro. Além da carona evidente na criatividade alheia, há um terceiro elemento invisível nestas duas primeiras afirmações que funciona como um elo perdido para anunciar o assunto deste textinho, embora este apenas tenha sido sugerido e não explicitado. O elo perdido, todos devem ter notado pelo estilo confuso e impreciso, é o Jornalismo.
Mestres comunicólogos e pensadores independentes da filosofia primária que permeia a insensatez mundial, descobriram, dias atrás, que a Imprensa está irremediavelmente envolvida em um processo de transformação material e que o os jornais impressos vão acabar. Este tema sobressai às margens do noticiário online e floresce na formulação distanciada de conceitos acadêmicos. É a novidade do Brejo da Cruz. Estão se formando novas gerações iluminadas pelo computador, jovens que não terão mais a lamentar o desaparecimento da misteriosa sensação agradável de folhear um jornal ou um livro. O personagem do escritor Franz Kafka se viu como uma barata, os jornais não serão nem isso, serão nada.
Da minha preguiçosa inteligência, baseado em razoável experiência profissional à frente de teclados vida afora, ouso afirmar que a literatura também será envolvida no processo de transformação da comunicação social. Será inevitável. Impressos ficarão do lado de fora do mercado, como panfletos de cartomante. Tudo será eletrônico. Isso quanto à forma, claro, o conteúdo será pulverizado pelos interesses políticos e comerciais, como já vem acontecendo, digamos, naturalmente.

O novo século não será apenas divisor cronológico na história do desenvolvimento da humanidade, mas marcará também a mudança dos métodos cotidianos dos homens se comunicarem uns com os outros. Antes, desapareceram os sinais de fumaça e os tambores. Desta vez, estão desaparecendo os jornais. Em seguida, desaparecerão os livros. Haverá uma tela de computador no bolso de cada cidadão. Nunca mais um bloquinho de notas, nunca mais um lápis.
Mas, na verdade, sinto que nosso destino de dinossauro é resultado prático destes novos tempos. Não há como evitar. Ou seja, estamos indo de volta para o passado. Só isso. Muito natural. Como baratas.

Mais um dia lindo

O sol parece disposto a calcinar a Bahia nesta manhã de sexta-feira com lua cheia. Estou tentando descobrir alguma coisa positiva, criativa, inteligente, para postar neste blog rosnante. Alguns antigos companheiros de combates profissionais tem reclamado que voltei no velho estilo metralhadora descontrolada e os novos tempos deste País de diretor de arte exigem, dizem eles, maior maleabilidade de idéias e opiniões. Alguns me mandaram textos literários para avaliação, só de brincadeirinha, mas são todos bons, de excelente nível diante da atual produção que o mercado editorial expõe ao distinto público nacional. Se não conseguir encontrar algo interessante "a favor", acho que vou publicar os amigos. Eles -e vocês- que se preparem.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Alto lá!


Foto que pesquei no blog violentomocotó.spaces.live.com a propósito das aberrações promovidas pela novíssima guerra no Oriente Médio. O soldado é israelense, o menino é palestino. Não há legenda no mundo que explique isso.

O plim-plim venenoso

Um governo age em nome da soberania nacional e da educação de seu povo ou cala-se para sempre. As festas de fim-de-ano movidas a fogos de artifício num país campeão de desigualdade social foram um exemplo claro. A maior emissora de televisão brasileira ofereceu, do alto de sua criatividade editorial, um show musical aos seus distraídos espectadores. Uma das atrações era um grupo inexpressivo cantado uma música com o bordão beber, cair e levantar. Por que isso? Para ajudar o anunciante a vender cerveja? Ignorância pura? Onde está o Estado, o Governo, a autoridade? E não falem em liberdade de expressão. Liberdade de expressão uma ova. O cara que programou essa deseducação em rede nacional devia ser preso, indiciado por crime de lesa Pátria, processado, julgado e, queiram os deuses do Judiciário, condenado a passar alguns anos pensando que a consciência da Nação não está à venda. Muito menos para patrocinadores de programas de televisão.

Fogo na trincheira

Muito interessante o recente debate aberto na mídia nacional, ou pelo menos em alguns veículos tipo suplementos, semanários, blogs e revistas, sobre a legitimidade ideológica de antigos combatentes da Esquerda que chegaram ao poder pelas vias democráticas e de antigos combatentes da mesma Esquerda que estão em casa remoendo ódios pela revolução perdida. Uns acusam os outros de prestar serviço à Direita golpista. A Esquerda que se alimenta dos generosos contra-cheques do Estado ainda se apega, tal qual bezerro desmamado, aos românticos conceitos e definições de “independente e revolucionária” na hora de botar o bebê boi para dormir em um país com a economia formatada de acordo com os interesses do capital estrangeiro, em nome da globalização irreversível. A Esquerda caseira, afastada dos círculos do poder governista, acusa os velhos companheiros de atuar como liberais progressistas pragmáticos sem perceber a contradição de representar ela mesma os mesmíssimos princípios políticos que combate e pela evidência de jamais ter pregado um prego num sabão em defesa real dos tais interesses populares.
O debate, como se vê, é complexo e a avaliação final depende da textura do coraçãozinho comunista juvenil que cada um de nós ainda carrega no peito.
Os sonhos, como as flores de plástico, não morrem jamais. A luta continua apesar dos decretos de justiça social remunerada.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Olha o passarinho...


Neste exato momento Israel está jogando bombas de meia tonelada na Faixa de Gaza e os palestinos estão respondendo com foguete tipo busca-pé. Neste exato momento há um cientista político com mestrado em teologia e doutorado em sociologia afirmando aos seus alunos em algum lugar do mundo que a lógica política israelense explica porque bombardear escolas é o mesmo que atacar uma fábrica de homens-bomba. Neste exato momento está sendo editado na banda ocidental e cristã do planeta um jornal que trata o atual massacre como confronto. Neste exato momento, defronte a uma telinha de computador, um pobre de cristo, como se diz aqui no Nordeste, está pensando porque cargas d’água, afinal, os palestinos não tem nem um único miserável míssil para se defender quando até os traficantes sul-americanos usam foguetes teleguiados de terra-ar-terra. Os israelenses agem como se fossem os donos do mundo varrendo lixo no quintal. Os palestinos são o lixo. E o gato comeu a língua do mundo. Os protestos civilizados soam apenas como peidos.

Esta foto publicada pelos grandes jornais do chamado mundo ocidental cristão no último fim-de-semana é uma espécie de Velásquez da realidade Israel/Palestina. Uma família árabe tenta fugir das bombas, fogo e fumaça ao fundo, O pai parece buscar uma saída, a mãe desesperada cobre o rosto e o menino encara a câmera fotográfica. Aquele é o mundo dele, onde as bombas são normais. O que ele vai fazer quando crescer é a grande questão.

Simpatia gaúcha

Jornal da Globo de ontem à noite, posse dos deputados na Câmara Federal. Fernando Marroni, PT/RS, volta ao cenário nacional à vontade, sorridente, confiante. Sem qualquer produção de marketing, arriscou o velho gesto de sentar na cadeira do poder e se saiu muito bem. Ganhou espaço nos telejornais. Afinal, Pelotas terá um acorde na sinfonia palaciana. Cliquem no link abaixo e vejam Marroni brincando com a câmera na Câmara.

http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL945839-16021,00-SUPLENTES+DE+DEPUTADOS+TOMAM+POSSE+EM+BRASILIA.html

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Pelotas volta a brilhar

A semana começou andando para trás. Parece que ontem foi terça, hoje é segunda, amanhã será domingo. Ninguém está fazendo nada. A página de política da Folha tem seis materinhas, sendo duas sobre Brasília vazia. Só na esplanada dos ministérios tem 13 ministros de férias. A única coisa interessante do dia é a posse dos novos deputados federais. Entre eles, há Fernando Marroni, ex-prefeito de Pelotas, que volta a Câmara para defender os interesses do Rio Grande, mais exatamente da Metade Sul. O PT volta a contar com uma das mais legítimas representações populares em defesa da consolidação do processo democrático, do desenvolvimento econômico e dos direitos do cidadão. O Aquarius hoje devia servir cafezinho de graça.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Só na marolinha...

Parece oportunismo este lance de usar a todo instante a imagem de Lula, mas esta de hoje é impossível de resistir para qualquer cozinheiro de Redação ou para gente que sabe o que estou querendo dizer. Trata-se de uma foto de Ricardo Stucker, da Reuters. O presidente Luis Inácio mergulhando em uma praia de Fernando Noronha. Todo mundo viu na UOL de manhã cedo e na certa verá amanhã nas capas dos diários.

Quero ressaltar dois aspectos. O primeiro aspecto para aqueles que sabem do que estamos falando. A primeira vista tem tudo para ser uma produção de marketing político. Mas não é. Lula não se submete a textos ou roteiros. Ele percebe o momento, pura intuição política, e fala. Foi sempre assim, será sempre assim. A grande vantagem da foto de hoje é que ele não fala. Sem aquele seu textinho de corintiano, Lula recorreu desta vez a uma metáfora visual. O Presidente da República mergulhando em águas rasas, serenas e translúcidas e acenando com o gesto clássico do tudo bem, meu chapa. Isto é marketing puro. Não tem produção da rapaziada. A rapaziada só leva a fama. Como diz outro filósofo da grande família Silva, quem sabe faz ao vivo.

Agora o segundo aspecto, o ponto de vista do tal cozinheiro de Redação. Imagine que a foto chegou tarde da noite, o cara só tem que fazer a legenda para a capa. São uns 65 toques. O jornal é um diário de grande circulação. Já passa da meia noite, a fome rondando, a mulher telefonou a pouco pra dizer que tudo acabou para sempre, como é mesmo que termina um grande amor? E o retrato da realidade viva, ou pelo menos a realidade viva que o Presidente acredita, está na tela à sua frente e clama por uma legenda exata. Por isso e por outros estranhos temperos o jornalismo é uma profissão fascinante.



Por uma vírgula

Peço desculpas por aquela vírgula na abertura do segundo parágrafo da nota A Herança. Não se trata, como uma criança pode pensar, de uma suposta reforma gramatical da língua portuguesa.
Não sei exatamente o que houve, mas creio que se trata, isto sim, do eterno combate entre a distração irresponsável, os desmandos do computador e a ignorância pura e simples.

domingo, 4 de janeiro de 2009

O sol não nasce para todos

O primeiro domingo do novo ano amanheceu pegando fogo na Bahia. As mangas e os cajus parecem em chamas. Mas apesar da luminosidade absoluta, estou triste. Não consigo comandar
nada além de nova postagem neste blog. A questão dos comentários é séria, só entra quem for cadastrado na tal comunidade de bloggers. Nada mais antidemocrático nesses tempos de free total na Internet. Acho que vou pular pro Wordpress. Aguardem.
Mas abri esta nota falando em luz porque acabo de ver uma reportagem de José Hamilton Ribeiro no Globo Rural. Perfeito. Informa, diverte, educa, o velho continua lúcido e rijo, sem dúvida o maior orgulho de toda uma geração de jornalistas que sobreviveu à ditadura e ao festejado processo democrático que resultou nisso que suportamos hoje em dia. Há muitos anos que José Hamilton é a única coisa viva, lógica e criativa na televisão nacional. O resto é ambrosia do Pedro Bial.

sábado, 3 de janeiro de 2009

A herança

O artigo do professor Demétrio Magnoli na Veja deste fim de semana está reverberando na consciência política nacional. O raciocínio do professor é claro, objetivo, firme e seguro, quase indefensável para os goleiros de plantão. Mas aqui da arquibancada, da antiga geral, pode-se ver, sem a necessidade de uso de binóculos acadêmicos, basta a luz da realidade, que a herança da passagem de Luis Inácio Lula da Silva está muito longe de ser apenas uma questão de identidade racial. Depois de separar os prós e os contras, o joio do trigo, a ficção da realidade e o truque da magia, talvez algum iluminado observador independente da real cena política nacional consiga decifrar o que haverá dentro da caixinha preta quando Lula não for mais Presidente. Por enquanto, o que há são apenas especulações, sejam elas intelectualizadas e comprometidas ou não. Permitam-me, pois, também especular um pouco.

O Brasil com Lula, ficou mais forte e respeitável, e os brasileiros mais confiantes e competitivos, mesmo que se considere isso como uma evolução geopolítica econômica natural, digamos assim, são fatos, não tem peneira para este sol. A imposição do branco e do negro em detrimento do brasileiro tem tanta chance de dar certo quanto o projeto Fome Zero. Não somos mais iguais, nada houve de estrutural no País além das cotas para negros nas Universidades. No máximo, e isso aceitando como pelo menos ilustrativo os exercícios publicitários da propaganda oficial, nós estamos menos diferentes. A conversa do doutor, com interesses escusos norte-americanos no meio do papo, tem jeito de paranóia da conspiração.

Mas e as heranças deixadas pelos outros presidentes? O professor esqueceu de traçar uma linha comparativa para que o pobre leitor analfabeto e desmemoriado possa enfim saber se afinal o tal legado é mais interessante ou não para o Brasil e os brasileiros. O que Vargas, por exemplo e pela ordem, legou ao Brasil? A maioridade como Nação e a primeira identidade legal a todos os mulatos inzoneiros talvez seja uma resposta razoável. E Juscelino? Yes, we can. João Goulart? A consciência política e um sabor de chocolate. E os militares, todos juntos e incluídos, o que fizeram por este país e por nós? A segunda identidade legal, Delfim Neto e seu olhar de Kombi.a megalomaníaca faraônica, a consolidação do credo ao Papai Noel, o oficialismo na mídia de comunicação e a subserviência ao capital estrangeiro. O senhor José Sarney? Uma inflação de 80% ao mês. Collor? A noção pública do estelionato eleitoral. Itamar? A certeza de que as moças não usam calcinhas nos camarotes da Sapucaí. Fernando Henrique Cardoso? A mania de grandeza só para os ricos, a importância de mestrado e doutorado para garantir bom emprego e, vá lá, um pontapé na bunda da inflação.
E assim chegamos de volta a Lula e o seu legado. Talvez ainda seja muito cedo para se discutir isso, mas é melhor começar a editar um banco de dados. O fim do preconceito, o que talvez fosse uma das maiores esperanças de todos nós, pelo jeito não estará no testamento presidencial. O preconceito ainda é um mal arraigado na sociedade brasileira e agora mesmo está brilhando intensamente no artigo do professor...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O futuro a Lula pertence

A propósito do debate aberto na mídia sobre a validade ou não da inauguração de uma praça no Recife com o nome da mãe do Presidente da República, já que se conhece razoavelmente bem a história da colonização político-democrática nordestina, pode-se imaginar um diálogo provável no futuro dos nossos bisnetos.

E aí, velho, onde você está morando?
Lá em Lula, no finzinho da avenida Luis Inácio, condomínio Dona Marisa.
E trabalha onde?
No Instituto de Conceitos de Políticas Públicas Luis Lula da Silva.
E aí, é um bom lugar?
É, pego as sete e saio às nove, toda quinta feira, fica meio pesado, mas são 78 salários por ano.
Luleza!
Hoje é dia de jogo, vamos lá no Lulão.
Vamos, sim, sou lulista doente.
Eu gosto mais do lulismo, o vermelho é prateado.
Ih, não vai dar, esqueci o dinheiro em casa.
Precisa não. Eles pagam dez lulas para quem for assistir.
Sabe, velho, nem sei direito quem foi este Lula, mas devia ser um cara legal. Também não sei, acho que era no tempo em que havia Estado ou País, um negócio desses...

A festa do artifício

Muito divertido o reveillon. Fiquei na varanda do novo apartamento de um velho amigo na cara do mar da Bahia, quase se podia tocar os fogos com as mãos. Esta moda de artificialidade é interessante, afinal, como não admirar uma explosão de cores na escuridão do céu, ainda mais se o bravo cidadão estiver com uma taça de champanhe na mão e mastigando uma coisinha deliciosa. Ninguém dá bola para marolinha neste país de surfistas. A felicidade virou figurinha fácil, em suaves prestações. Parece que a lúdica espiritualidade sincrética baiana está tomando conta do Brasil. Se começarem a chamar a Ivete Sangalo de rainha, eu vou embora.

Desculpem a nossa falha

Ninguém está conseguindo postar comentários nas notas deste blog. Também não consigo postar fotos nem vídeos. Acho que nos próximos dias, quando se dissiparem as névoas dos fogos de fim de ano, estaremos funcionando normalmente, como qualquer boteco da rede.

De acordo com a lei

A reforma ortográfica para unificar a língua portuguesa está em vigor desde ontem. E para provar seu absoluto alinhamento com os tempos modernos, a Folha de S. Paulo já publica hoje na capa uma manchete de acordo com a novíssima língua: Na posse, prefeitos já preveem cortes. O chapeuzinho sumiu. A curtição na redação pelo uso do verbinho safado deve ter compensado a primeira noite do ano trabalhando.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Talvez sejamos todos loucos

Sugestão de Serginho Raposo. Como ele disse, é sensacional. Sobe o som e se liga na letra. Se não entender as guturalices, ligue pra Serginho ou Zé Luiz, os dois são cineastas, mas se divertem com a língua inglesa e música de alta qualidade. Caso não saibam os telefones, basta ligar pra Abin – lá eles tem o número de todo mundo e adoram um vazamento.
Clique no link abaixo, ainda não aprendi a postar o vídeo.

http://www.youtube.com/watch?v=SDWMVEEqQ_8

Simples assim

Meu velho amigo Jésus Rocha –um dos frasistas do ano segundo a Veja– mandou uma resposta de bate-pronto a minha reestréia de blogueiro. Publico na íntegra, não porque esteja me elogiando, mas pelo estilo gracioso de veterano cronista. A última frase, pelo menos, é genial. Com os senhores, o inimitável Jésus:

Daqui a 12 minutos, 2008 já era.
Ainda bem que essa reta final, passei fazendo uma coisa está entre as coisas que me ajudam a viver: ler o que de fato, e de direito, merece ser lido: seu blog! E não ouse pensar que, no que acabo de dizer, vai algum inconsciente ou consciente do fato de sermos amigos/companheiros/marqueteiros de longa data.´
Confesso que a partir deste momento vou me aproximar "mais" (porque nunca fui distante) de Saramago. Não vou entrar em detalhes, digo apenas que gostei de tudo (eu ia lhe escrever, aliás, agradecendo o capítulo de seu novo livro que também já li e, claro, etc. etc. etc).
Viva seu blog!!!!!!!!!!!!!!
Abração. Valeu.
Jésus.

Só um detalhe: depois de ler o paralelo Maceió/Pelotas do texto, repeti o que costumo repetir só em momentos graves: depois de muito concluir, cheguei à seguinte reflexão... No caso, seguintes. Muitas. Faliz 2009 que começa daqui a 4 minutos. Com sinceridade... E não como escrevi na minha coluna de amanhã:

2009 É TARJA PRETA. PRAZO DE VALIDADE: 8 MESES...