sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A volta do Baratassauro

Textinho de tempos atrás, mas parece que foi ontem à noite.

Um dos maiores personagens da história da literatura, George Sansra, em um belo dia da esfuziante Berlim dos anos 20 acordou transformado em uma barata. Eu, nesta simplória realidade terceiro-mundista sob a égide do sindicalismo populista demagógico no alvorecer do novo século, acordei como um dinossauro. Além da carona evidente na criatividade alheia, há um terceiro elemento invisível nestas duas primeiras afirmações que funciona como um elo perdido para anunciar o assunto deste textinho, embora este apenas tenha sido sugerido e não explicitado. O elo perdido, todos devem ter notado pelo estilo confuso e impreciso, é o Jornalismo.
Mestres comunicólogos e pensadores independentes da filosofia primária que permeia a insensatez mundial, descobriram, dias atrás, que a Imprensa está irremediavelmente envolvida em um processo de transformação material e que o os jornais impressos vão acabar. Este tema sobressai às margens do noticiário online e floresce na formulação distanciada de conceitos acadêmicos. É a novidade do Brejo da Cruz. Estão se formando novas gerações iluminadas pelo computador, jovens que não terão mais a lamentar o desaparecimento da misteriosa sensação agradável de folhear um jornal ou um livro. O personagem do escritor Franz Kafka se viu como uma barata, os jornais não serão nem isso, serão nada.
Da minha preguiçosa inteligência, baseado em razoável experiência profissional à frente de teclados vida afora, ouso afirmar que a literatura também será envolvida no processo de transformação da comunicação social. Será inevitável. Impressos ficarão do lado de fora do mercado, como panfletos de cartomante. Tudo será eletrônico. Isso quanto à forma, claro, o conteúdo será pulverizado pelos interesses políticos e comerciais, como já vem acontecendo, digamos, naturalmente.

O novo século não será apenas divisor cronológico na história do desenvolvimento da humanidade, mas marcará também a mudança dos métodos cotidianos dos homens se comunicarem uns com os outros. Antes, desapareceram os sinais de fumaça e os tambores. Desta vez, estão desaparecendo os jornais. Em seguida, desaparecerão os livros. Haverá uma tela de computador no bolso de cada cidadão. Nunca mais um bloquinho de notas, nunca mais um lápis.
Mas, na verdade, sinto que nosso destino de dinossauro é resultado prático destes novos tempos. Não há como evitar. Ou seja, estamos indo de volta para o passado. Só isso. Muito natural. Como baratas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Manchete da Velha Cidade da Bahia:
Deu zebra!
Ex-bicheiro renuncia à presidência da câmara

Anônimo disse...

corrigindo: o nome do personagem de Kafka é Gregor Samsa (alguns grifam Sansa também)