domingo, 11 de janeiro de 2009

Sanatório Brasil

A propósito das recentes revelações da mídia sobre as atividades inconfessáveis da Abin, Agência Brasileira de Inteligência, surgem oportunas informações sobre pelo menos uma das atividades inconfessáveis do antigo SNI, o órgão de inteligência no tempo da Ditadura. Não se trata somente de agressões aos direitos do cidadão, quesito no qual os militares são imbatíveis, mas sim da mais pura estupidez em nome da soberania nacional.
O jornalista Fernando Rodrigues está divulgando em seu blog, na UOL, documentos sigilosos do Exército nacional a respeito de investigações de objetos voadores não-identificados. Leitura dominical obrigatória. É inacreditável a maneira como os militares tratavam o tema OVNI's. A transgressão ética da Abin é perfumaria infantil diante da estratégia tosca e obscura dos pais da Pátria em lidar com fantasias populares inaceitáveis à luz da ciência.
O assunto me fez lembrar uma manchetinha do velho e bom Jornal da Bahia, nos anos 80. Um Boeing da Vasp em voo do Ceará para São Paulo avisou a torre de controle de Brasília que havia dois objetos não-identificados seguindo o avião. Caças da Força Aérea entraram em ação e colocaram os ovnis em fuga. Havia um cardeal a bordo, dom Aloísio Lorscheister, que assistiu a toda movimentação aérea da janelinha do avião.
Eu estava fechando a capa quando a notícia chegou. O diagramador, o grande Reinaldo Kageyama, só de brincadeirinha, arrumou um lugarzinho no alto da página, coluna da direita, título de 3 de 12 -ou três linhas de 12 toques. À primeira vista, impossível, mas botei a lauda na máquina, naquele tempo computador era só objeto de desejo, e tive a imensa felicidade de sacar um título perfeito, exato, logo de primeira:
Jatos da FAB
perseguem
disco voador
Parecia ficção. E era. Hoje o Brasil é outro, graças a democracia, mas a loucura ainda é a mesma.

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