quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A estrada e o violador

Fora à dor, que a dor não conta, quem me ensinou a pensar foi, foi, marinheiro, foram as letrinhas do mar. Primeiro, em zigue-zague no bloco pautado do grupo escolar, em seguida nos letreiros luminosos do caminho do bonde, depois na caligrafia bailarina dos diários das esquinas, e, enfim, no manuscrito dos gibis de matiné, no interminável Tesouro da Juventude e nos romances de Jorge Amado e Érico Veríssimo até a literatura infinita de russos, franceses e sul-americanos. Tudo muito bonitinho, bem guardado na memória, de acordo com as leis do conhecimento puro e do bom senso, caso haja, claro, um e outro. E tudo isso para acordar numa quarta-feira sem saber direito como raciocinar um mínimo de razão política em um contexto de autoritarismo, covardia e roubalheira.

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