sexta-feira, 3 de abril de 2009

A literatura e seu labirinto

O anúncio fúnebre literário da decisão de Gabriel García Márquez parar de escrever equivale a uma bomba atômica de fabricação caseira, como um super pum, por exemplo, no mundo idiossincrásico da Literatura. Quem vive da palavra escrita, no mínimo, ergueu as sobrancelhas, surpreso e assustado. O que isso representa de fato?
Para alguns poucos doidos fascinados pela literatura, como eu, é o fim do mundo. Para outros, mais técnicos e acadêmicos, uma decisão coerente de quem sempre escreveu sobre o mesmo tema, o amor e a realidade fantástica do povo. De um jeito ou de outro, tanto faz, para todos nós, uma perda inestimável. Até o momento ninguém se atreveu a um comentário mais aprofundado.
O Jornal da Globo, por exemplo, colocou no ar uma reportagenzinha mal engendrada, com imagens centenárias e nenhuma análise de um fato absolutamente subjetivo, o que subentende a necessidade de uma explicação, ou justificativa, formal. O editor do telejornal, William Waack, que começou nesta profissão justamente como crítico literário na Veja, limitou-se a um sorrisinho e a um boa noite, ambos amarelos. Melhor faria a Globo se ficasse calada. Conselho maroto que serve muito bem para toda a grade de programação da venerável emissora. Como num conto de García Már1quez, o noticiário da tevê soaria bem melhor em silêncio.

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