quarta-feira, 22 de abril de 2009

Um pouco sozinho

Chove como se fosse preciso.
Estamos na Bahia. Aqui quem manda é o sol. Às vezes, a lua. Aqui o suor é sangue, vive-se sob 30 graus, manhã, tarde e noite. Chuva? Nem fazendo reserva na beira da praia.
Em abril e maio, não sei bem porquê, a natureza dá em lavar a terra. Falam em águas de março. Não acredite. Não há informação confiável, muito menos de órgãos públicos e de porta-vozes para explicações técnicas sobre angústias cotidianas nacionais. Melhor nem ouvi-los.
Águas de março titulam a maior obra musical desta terra de tantos requebros, devolteios e assovios. Só. E esse não quer dizer pouco, mas sim muito ou tudo.
A vantagem da chuva, pelo menos aqui neste refúgio, é encher a piscina sem precisar esvaziar o poço. A desvantagem é o sumiço dos passarinhos. Terreno sem passarinho é como música sem harmonia, barco sem rio, romance sem ardil, noite sem dia, início sem fim, samba sem Tom Jobim, talvez apenas um espaço para versejar rimas sobre o nada.
Como se fosse preciso.

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