quinta-feira, 19 de março de 2009

Graça de elefante

Nem sempre o que se fala se escreve. E nem sempre entendem o que se escreve. E às vezes se escreve o que nem tinha sido pensado antes. Quer dizer, é difícil controlar as palavras que se pronuncia ou se escreve. Ou melhor, é difícil se fazer entender quando as palavras se arvoram a palavrear sozinhas através de nossa boca ou de nossos dedos.
Isso para mim, lógico. Para José Saramago, por exemplo, não é bem assim. Ou é, mas a diferença entre nós é que ele sabe disso, eu não, eu aprendi com ele.
E faço o favor de repassar a vocês (os oito do blog!) a frase que abotoa um paragrafozinho na Viagem do Elefante, um simples digressão que deve ter feito todos aspirantes a escritor cair na gargalhada. Ei-la.

Reconheça-se, já agora, que um certo tom irônico e displicente introduzido nestas páginas de cada vez que da Áustria e seus naturais tivemos que falar, não só foi agressivo, como claramente injusto. Não que fosse essa a intenção nossa, mas, já sabemos que, nestas coisas da escrita, não é raro que uma palavra puxe por outra só pelo bem que soam juntas, assim muitas vezes sacrificando o respeito à leviandade, a ética à estética, se cabem num discurso como esse tão solenes conceitos, e ainda por cima sem proveito para ninguém. Por essas e por outras é que, quase sem darmos por isso, vamos arranjando tantos inimigos na vida.

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