segunda-feira, 30 de março de 2009

Ordem no galinheiro

O senhor é jornalista? A senhora também? Então, coloquem a barba e o buço de molho.
Não são? Então não se preocupem, podem vir a ser a partir de hoje, num passe de mágica, ou de profunda irresponsabilidade social do Congresso Nacional. A Lei da Imprensa, um dos legados mais controversos da ditadura militar, deve cair como uma manga podre na votação de hoje no plenário da Câmara Federal, talvez sobre apenas o diploma universitário para provar credenciamento profissional.
A questão é muito delicada, envolve pressupostos e oportunismos, e expõe a fragilidade técnica conceitual de uma profissão vocacional que se transformou em trampolim para outras atividades mais, digamos, comerciais, e está corroendo, enferrujando, apodrecendo os valores éticos e morais do velho e bom e imprescindível Jornalismo.
A Lei de Imprensa nasceu da suposição das autoridades militares de que os jornalistas têm de ser regulados porque não tem idoneidade nem equilíbrio suficiente para informar o grande público. O Estado, nesta ótica transversa, tem que controlar os jornalistas. Mas quem controla o Estado?
Todo mundo sabe que o Estado é incapaz de resolver problemas básicos da sociedade, como segurança, saúde, educação, de onde, portanto, vai tirar habilitação técnica para discutir, por exemplo, liberdade de Imprensa? Da Câmara Federal? Do Senado? Estas duas sagradas instituições nacionais estão mais preparadas para discutir desvios de verbas públicas, crimes de mando, roubo de galinha, bateção de carteira e pequenos arroubos passionais. Mais nada.
Peço, por favor, do alto de exatos 33 anos de profissão, um promontório técnico mais pesado que o ar, que deixem os jornalistas, e principalmente o jornalismo, em paz. Como na economia, e tudo na vida, o mercado se resolve. O Estado não acredita nos jornalistas, e os jornalistas, o senhor e a senhora podem ter certeza, também não acreditam no Estado. E nem por isso estão por aí propondo um código de ética mínima para políticos e governantes.
Cada macaco no seu galho é o o melhor princípio para uma boa convivência.

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