terça-feira, 31 de março de 2009

Vento caseiro

Não tenho a menor idéia –e ninguém tem– de onde vem esta expressão que citei algumas notas abaixo, para onde sopra o vento, mas penso que há um erro de preposição. Não é para, mas sim de onde sopra o vento.
Qualquer índio ou pescador ou agricultor ou maluco de pedra sabe que é impossível saber para onde vai o vento, e na verdade nem interessa, de um jeito ou de outro ele vai secar a roupa no varal e enfunar a vela do barco, tanto faz para onde se dirige, qual trigal vai ondular, qual cabeleira vai alvoroçar ou qual saia vai levantar. Ele vai, e isso é o suficiente.
Só se sabe mesmo de onde vem o vento.
Por isso, só por isso, as lavadeiras sabem onde pendurar a roupa, os navegantes sabem a hora de içar o velame e as moças sabem o momento exato de segurar a barra da saia, mas isso só as recatadas, as normais até procuram um jeito de corpo para refrescar o desejo dos passantes.
Sob um calor de 32 graus em dia de chuva no resto do País, eu, que só sei que nada sei, cá estou na varanda a pensar bobagens à espera de pelo menos uma lufada de brisa, como uma biruta de mim mesmo.

Nenhum comentário: