sábado, 7 de fevereiro de 2009

Com crase e tudo...

Quem não tem a controvertida felicidade de morar na Bahia nem imagina o que seja o estado de excitação popular às vésperas do carnaval. Este estado, por exemplo, ficaria exato em maiúscula para melhor definir o que é de verdade a Bahia. Para que vocês, estrangeiros nacionais, entendam o que acontece por aqui, saibam que mais de dois caras numa esquina já pode ser considerado um grupo de axé ou pagode ou forró ou qualquer outra porcaria do tipo. Não dá para saber, por exemplo, se Durval Lélis, da banda Asa de Águia, é um débil mental ou apenas se finge de louco para faturar o rico dinheirinho das patricinhas paulistas idiotizadas.
A cidade está coberta de cartazes e outdoors vendendo abadás e a imensa felicidade de participar de ensaios musicais com gente que pula e grita ao som de uma barulheira indecifrável enchendo a cara de energéticos. Na zona onde moro há duas “fábricas” de trio-elétrico. Em 20 anos, ao lado da padaria que vende para pobres e dos templos evangélicos que trucidam pobres, estas fábricas foram os únicos empreendimentos que prosperaram. O resto quebrou ou virou lojinha de ração para cachorro.
O pior, entretanto, é sair de manhã cedo de casa e se deparar com vários cartazes na avenida principal anunciando o novo e sensacional grupo da inebriante música baiana, o Pretobom. Isso mesmo, Pretobom. Tem uma foto de um rapaz sorridente, vestido com um paletó de manga curta, camiseta branca e chapéu de malandro na cabeça, deve ser ele o preto bom. Os pretos ruins ainda não se manifestaram.
Você nunca veio à Bahia? Então venha. Talvez você mereça.

Nenhum comentário: