domingo, 8 de fevereiro de 2009

Grandes coisas...

O domingo amanheceu nublado na Bahia. Há previsão de chuva por três minutos até o meio-dia. Estou num quarto ventilado, com a janela escancarada, e, claro, suando em bicas. Viver na Bahia é como freqüentar uma sauna com ventilador.

Pretendia passar algumas horas no Piruí, em Arembepe, me fingindo de Namor, o príncipe submarino, a boiar na placidez de cristal verde ornado de corais, pensando besteiras, no Lula, por exemplo, mas minha filha mais nova passou como um raio aqui em casa na noite passada e levou o carro para passear. Estou a pé. E, como moro numa casa cercada de sítios e clubes de campo, estou condenado a passar o dia ouvindo cânticos evangélicos e os sambas de crioulos doidos que proliferam nesta terra da felicidade como marias-sem-vergonhas. No fim do dia, quando a fogueira do céu aplacar-se no horizonte, vou estar com o humor no rés do chão. Ninguém perde por esperar...

Ontem uns amigos meus vieram jogar bola e um deles chegou reclamando que eu havia misturado forró com axé e pagode numa notinha esculhambando o carnaval. Apesar desse meu amigo ser um cara desinformado e desconectado da realidade política e social do país, por decisão dele mesmo, ele não deixa de ter meia razão. Então, corrijo, ou melhor, esclareço. Ele leu forró como aquela expressão de música popular nordestina que todos admiramos e cultuamos, mas eu escrevi forró pensando nesse lixo produzido por Abelardos, Calcinhas Pretas, Calypsos, essa canalhada oportunista do mercado fonográfico que se apropriou da genial criação de Luis Gonzaga para vender gato por lebre para consumidores distraídos e mal-informados. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Forró, hoje, é lixo sim. E as ruas da Bahia são o maior depósito deste monturo cultural.

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